domingo, 20 de fevereiro de 2011

«Diários Gráficos em Almada – Não somos desenhadores Perfeitos» - exposição no Museu da Cidade de Almada

Trata-se de uma exposição notável. A mostra apresenta trabalhos de 30 autores diferentes, que têm em comum o gosto pelo desenho, embora com formações e percursos profissionais muito distintos, integrando desde médicos, arquitectos, professores, designers, artistas plásticos, geólogos e antropólogos, entre outros.
Dizem que não são desenhadores perfeitos, mas estes diários gráficos são verdadeiras obras de arte! Cadernos de viagem, de registo diário, de apontamentos de observação da paisagem, de pensamentos íntimos ou divagações, de desabafo de experiências e vivências, estes cadernos são mais do que um acessório prático de uso quotidiano, eles são para muitos dos artistas representados um vício, sem o qual não passam. Um caderno dá origem a outro, e outro e outro…
Tal como a palavra, o desenho é aqui forma de expressão que diariamente fixa o pensamento do autor. Podem não ser desenhos perfeitos, mas são únicos e irrepetíveis, têm valor de testemunho. Acompanham os autores como uma segunda pele, uma forma de memória dos espaços e lugares.
Gostei sobretudo da forma como a exposição se apresenta, organizada por autores e com os cadernos arrumados em gavetas. Para Eduardo Salavisa, comissário da exposição , esta dimensão permite « realçar o lado pessoal e íntimo desse objecto que foi concebido, pela sua forma e estrutura para ser visto só pelo próprio e a quem ele quiser mostrar». Neste sentido, ao abrirmos cada gaveta, deparamo-nos com o desconhecido, com a surpresa do que vamos encontrar e entramos numa relação muito pessoal e intimista com o autor descobrindo objectos que são muito seus e que nos vão sendo revelados através da nossa procura. Por outro lado, reforça o simbolismo das obras que se deixam “escondidas na gaveta”, que não são normalmente exibidas ou publicadas. Aqui é o visitante que toma a decisão de revelar e tornar visível esses objectos recatados.
A exposição encontra-se patente ao público até dia 16 de Abril.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Oficina SerSentir no CCB

Sábado dia 12 de Fevereiro, ocorreu mais uma notável oficina no CCB, inserida no Modo de Aparição das Artes, no Espaço da Fábrica das Artes. Desta vez foi uma oficina de ilustração e literatura ministrada por dois nomes célebres nesta área, sobretudo no norte do país, onde é mais fácil encontrar trabalhos seus, falo de Gémeo Luís e Eugénio Roda. O primeiro é ilustrador, e o segundo escreve os seus livros.
Nesta oficina, foi possível transformar sacos pretos do lixo em obras de ilustração... a experiência foi interessante e apesar de não ter tido resultados brilhantes na minha obra de arte, acho que o mais interessante foi mesmo o processo criativo que os dois autores nos transmitiram, assim como o seu entusiasmo contagiante...Um dia muito bem passado!



RTP - ORLANDO RIBEIRO

RTP - ORLANDO RIBEIRO

Orlando Ribeiro e os estudos olisiponenses


Foi professor universitário, nasceu em Lisboa em 16 de Fevereiro de 1911. Estudou nas Faculdades de Letras e de Ciências e no Instituto Superior Técnico de Lisboa, tendo-se licenciado em História e Geografia. Entre as muitas actividades que ocupou em vida, foi leitor de português na Sorbonne em 1937-1940, director e organizador dos Centros de Estudos Geográficos da Universidade de Coimbra e de Lisboa.
Foi discípulo de José Leite Vasconcelos, tendo ajudado na compilação dos volumes póstumos da obra “Etnografia Portuguesa”.
Destacam-se as suas obras mais importantes: Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico (1967 e Atitude e Explicação em Geografia, de 1960, entre muitas outras.

No artigo “ Evolução e Perspectivas dos Estudos Olisiponenses” – Lição inaugural da cadeira de “Estudos Olisiponenses” da Universidade de Lisboa, Orlando Ribeiro elabora uma breve síntese sobre os estudos mais importantes que se foram fazendo desde o século XV até à actualidade sobre a cidade de Lisboa, apontando o seu carácter pouco rigoroso e objectivo, por serem ou demasiado técnicos ou demasiado amadores, não dando uma noção real e concreta da cidade.

Este texto é datado de 1945, década em que houve a institucionalização dos Estudos Olisiponenses na Universidade de Lisboa.
Para Orlando Ribeiro, esta área do conhecimento não é uma ciência feita, mas uma matéria sobre a qual professores e estudantes poderiam debater, investigar e chegar a novas conclusões. Esta nova disciplina seria integrada na área da Geografia Humana.

Os estudos de Geografia urbana em Portugal tinham-se iniciado antes, em meados dos anos vinte, com Amorim Girão, com o estudo das cidades de Viseu e Coimbra, e Mendes Corrêa, que tinha instituído a Geografia no Porto, e que se começara a interessar por estudos relativos à cidade do Porto.
São trabalhos bastante importantes, mas que não ganham ainda muito destaque num País essencialmente rural, onde as cidades parecem pouco relevantes.
É depois da estadia de Orlando Ribeiro em Paris, que o autor se começa a dedicar ao estudo das cidades, nomeadamente à cidade de Lisboa e ao modo como esta vai alterando a sua paisagem e estrutura com o crescimento que começa a revelar.

A definição de cidade para orlando Ribeiro, é marcada pela forte presença humana na natureza. Trata-se de uma forma de civilização moderna, um organismo vivo, que contrasta do campo pelo pulsar acelerado da vida e pelo processo de mudança e transformação.

A cidade de Lisboa é vista como uma cidade com um crescimento exponencial, a qual sofre modificações profundas, alastrando as suas periferias e expulsando do seu centro a população que aí vivia. A cidade torna-se segundo as suas palavras, demasiado moderna e ruidosa, deixando de existirem espaços de lazer, em virtude do progresso.
A cidade vê assim, aumentar o número de residências, e as indústrias que se localizam junto ao estuário do Tejo e na Margem Sul.
Lisboa, é uma cidade onde se começa a estar mal, a viver-se “ num ambiente ruidoso e inquieto e afastado da natureza e de uma vida tranquila e ordenada”.

O trabalho e os modos de viver distinguem os vários bairros da cidade e dão-lhe uma autonomia própria, é o caso por exemplo da Madragoa que se associa a varinas e embarcadiços, e que contrasta da Lapa, pela aristocracia que aloja.

Os arredores, assumem um papel muito importante na cidade, tendo a ver com três factores: residencial, industrial e de veraneio (ex. Estoril, Cascais).

Orlando Ribeiro reconhece que o estudo de uma cidade, como a de Lisboa, abarcaria outros assuntos do que os tratados por ele, principalmente os de cariz sociológico, como é o caso da vida espiritual, da expressão artística, ao seu reflexo na literatura e no pensamento do país.

Nos anos 50, as cidades são integradas no campo da Geografia cultural, começando a existir ligações com a Antropologia, a Etnologia e a Sociologia. Começa-se a dar importância aos pormenores e vivências citadinas, começando a existir um conhecimento directo dos espaços urbanos. Estudam-se os bairros típicos, onde o convívio e a interdependência entre os seus habitantes são uma constante e alarga-se o interesse pelas periferias, como espaços que se constroem para fazer face às necessidades de crescimento das cidades, e nas quais as redes de interdependência se vão perdendo, transformando-se em pólos dormitórios.


Entre 1966 e 1972 Os estudos das cidades ocupam muito Orlando Ribeiro, o que coincide com o boom de Geografia urbana Portuguesa durante a década de 60.
O interesse do autor decairá um pouco nos começos dos anos 70, interessando-se novamente nos anos 80, que ficarão marcados pelos trabalhos que desenvolveu em Évora e Toledo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Homenagem a Jill Dias




Para homenagear Jill Dias e divulgar a sua obra e arquivo - e no âmbito do projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia: "Jill Rosemary Dias: acervo documental, bibliográfico e fotográfico" - realizar-se-á, no dia 17 e 18 de Fevereiro na Fundação Calouste Gulbenkian um colóquio internacional "As lições de Jill Dias. Antropologia, História, África e Academia".O Colóquio será aberto.
Mais informações em: http://www.cria.org.pt

Alpha: a história de uma amizade que sobrevive há milénios

Alpha é um filme que conta uma história que se terá passado na Europa, há cerca de 20.000 anos, no Paleolítico Superior, durante a Era do...