terça-feira, 31 de maio de 2011

Os Sherpas do Nepal


O seu matrimónio é monógamo mas podem encontrar-se casos de dois tipos de poligamia: poliginia e poliandria. Se a mulher tiver dois maridos isso pode considerar-se como uma conquista feminina, mas no caso dos Sherpas não se trata de um caso de independência mas sim de um interesse social: praticava-se a poliandria – pelo menos até 1983, data em que foi abolida- para evitar a fragmentação da terra e manter intacta a propriedade do clã familiar.
Outra das características que diferencia a sociedade sherpa é a naturalidade com que aceitam a sexualidade pré-matrimonial. Os jovens sherpas mantêm relações sexuais durante a celebração das festividades, que podem ser muitas ao longo do ano. O natural é que as jovens recebam em sua casa, com o consentimento dos pais, a visita nocturna de algum acompanhante. Também é frequente que as adolescentes tenham relações com vários pretendentes. Esta espontaneidade para desfrutar o sexo contribui para que o facto de se ter uma filha solteira não seja uma vergonha ou uma desonra entre os sherpas, é algo que não afecta as perspectivas de um futuro casamento. Contudo, esta liberdade cessa quando se contrai matrimónio definitivamente. Os sherpas solucionam quase todas as zangas com dinheiro. Quando uma viúva não deseja casar-se com o irmão do seu marido e quer ficar independente da sua família política paga o changri-thou-wu, que significa “reintegração do prelo da cerveja consumida na cerimónia da petição da mão”. Também é com dinheiro que se solucionam os adultérios. O esposo infiel paga uma multa. O divórcio é pacífico e obtém-se por um curioso ritual: o marido agarra a ponta de uma corda, enquanto a família da noiva segura na outra ponta. A ruptura da corda simboliza o fim do matrimónio. Se o marido não esteve de acordo com o divórcio, o aspirante a segundo marido da sua mulher paga uma compensação e o casamento dissolve-se assim.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Rituais de Boda

INDIA



Na Índia, por exemplo, o pai da noiva deve oferecer ao noivo e seus familiares grandes quantidades de dinheiro, jóias, televisores e outros objectos de valor. É o dote , destinado a cobrir os custos para manter a futura esposa e que pode conduzir um pai à ruína, se este tiver várias filhas para casar. Este facto está a provocar graves problemas sociais. Um deles é o aborto selectivo de fêmeas, já que muitas grávidas de meninas preferem abortar até terem um rapaz, para não se verem repelidas pelos seus maridos.

Shiava Raja Kumwar, presidente da Câmara do povoado de Sangla e pai de seis filhas, comentou com toda a naturalidade que aos homens de religião hindu lhes ficava muito caro ter filhas porque o costume e a tradição obrigam o pai a pagar o dote: “ Se não o fizer os vizinhos diriam que não tenho dinheiro para as manter. Estou disposto a pagar o dote a qualquer preço, mas compreendo que os homens em geral não queiram ter raparigas para não diminuírem o património familiar, enquanto que os filhos, quando se casam, atraem dinheiro a casa.”

As mulheres indianas aceitam sem nenhuma rebeldia os casamentos combinados de antemão. A própria filha de Shiava Raja Kumwar confirma este costume: “ As mulheres seguem a tradição e aceitam os matrimónios arranjados pelos pais, pois se escolherem o seu caminho individual a família e a sociedade não as vê com bons olhos. Além disso, se uma mulher se casar por amor e se tiver problemas com o marido, os pais não voltam a querê-la em casa nem se responsabilizam por as manter. Um drama maior é o facto de que na Índia muitas mulheres estão a ser assassinadas por problemas relacionados com o dote. Segundo as estatísticas, uma mulher morre diariamente em Deli convertida em archote humano pelo próprio esposo. Como o pagamento do dote pode ser combinado a prazo, quando a família da noiva não pode cumprir o estipulado, o marido começa a maltratá-la até que finalmente o querosene da cozinha “provoca” um acidente caseiro simulado. O viúvo pode então voltar a casar e aspirar a novo dote...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Debate sobre o Cante Alentejano

Realizou-se na Escola Superior de Educação de Beja, no dia 24 de Maio, um encontro cujo intuito foi o de debater o Cante Alentejano. Este debate contou com a organização de José Orta, um antropólogo e um apaixonado pelo cante, que tem promovido estudos relacionados com esta prática performativa.
Entre os oradores, encontrava-se o Padre Manuel Cartageno, que tem estudado o cante alentejano numa perspectiva musical; Jorge Moniz que desenvolveu uma tese de mestrado no campo da etnomusicologia, com o grupo coral «Ceifeiros de Cuba»; Luís Clemente, outro jovem musicólogo que se tem interessado pelo cante; Joaquim Soares, da Associação MODA, defensor acérrimo do cante tradicional; Jorge Raposo, director da ESE de Beja e também da área musical; Paulo Lima, antropólogo que se dedicou ao estudo da cultura popular alentejana, com destaque para as décimas, poesia popular, e também um estudioso do cante, tendo estado envolvido na defesa de uma candidatura do cante alentejano a património mundial da humanidade. E por fim, Ana Machado, autora deste texto, que estudou o cante Alentejano no Feijó, no âmbito da sua dissertação de mestrado em Antropologia.
Tratou-se de um momento deveras interessante, por ter reunido especialistas com experiências tão díspares e complementares, tendo permitido um diálogo centrado sobretudo nas questões das origens do cante e na sua estrutura musical.
Por ter sido pouco tempo, e porque muito mais haveria a dizer, sinto que faltou sobretudo espaço para a partilha de saberes relacionados com os estudos de caso que cada um dos intervenientes desenvolveu, contribuindo para um maior leque de perspectivas e um enriquecimento do tema, pois um antropólogo não vê com clareza aspectos musicais que podem ser interessantes para a sua compreensão, do mesmo modo que um musicólogo pode não apreender outros aspectos sociais e antropológicos que escapam ao seu olhar.
O debate finalizou com diferentes perspectivas sobre a identidade do cante alentejano, havendo quem defendesse, como o Sr. Joaquim Soares, um cante tradicional e sério em cima de um palco, e quem defendesse a necessidade da coexistência de um cante performativo e de um cante espontâneo, pois este último é igualmente importante para a construção dessa mesma identidade alentejana, sobretudo nos contextos migrantes, como é o caso da Margem Sul do Tejo, sendo através desse que os homens se aproximam e se expressam cantando, mais próximo do cante que se ouvia cantar nos campos alentejanos no passado.
Por terem ficado muitas questões em suspenso e por muito mais haver para discutir, espera-se que o encontro se volte a realizar em breve, desta vez com temas menos abrangentes. O debate contou com a presença ainda do Sr. Governador Civil de Beja e espera-se que o mesmo venha a ser publicado, com o patrocínio do Governo Civil de Beja.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Debate sobre o cante alentejano em Beja

Os temas a debater são os seguintes:


1. Introdução ao tema

2. Origens e influências do Cante

3. Estrutura musical do Cante

4. Evolução do Cante no Século XX

5. Cante e identidade

6. Balanço e perspectivas

Alpha: a história de uma amizade que sobrevive há milénios

Alpha é um filme que conta uma história que se terá passado na Europa, há cerca de 20.000 anos, no Paleolítico Superior, durante a Era do...