Realizou-se na passada semana, de 22 a 26 de agosto, em Beja, a XVª edição das Palavras Andarilhas, um evento organizado pela Biblioteca Municipal José Saramago, com a mão da sempre fantástica Cristina Taquelim, promotora de leitura nesta autarquia, incansável na organização destas lides. Trata-se de uma ocasião sempre muito aguardada, organizada nos últimos tempos, apenas de dois em dois anos, em que todos os caminhos vão dar a Beja.Este ano o lema foi «Eu conto para que tu sonhes: 15 anos de Andarilhas e ainda tanto para caminhar».
Escrevi aqui sobre a edição de 2007, nessa altura ainda com a organização do saudoso Joaquim Mestre, notável bibliotecário desta instituição, entretanto falecido. Passados dez anos, o espírito mantém-se reunindo gente dos vários cantos do país, ligados à escrita, ao universo da literatura infanto-juvenil, ao ensino, à promoção da leitura, às bibliotecas, artistas de teatro, contadores e narradores, entre muitos outros. Durante uns dias este festival oferece-nos a possibilidade de nos evadirmos da realidade, onde é obrigatório sonhar, partilhar, trocar ideias, deixar-nos invadir por palavras andarilhas, soltas entre poemas, histórias, autores, narradores, cantigas, escritas e gargalhadas genuínas.
Benita Prieto, Roseana Murray, e Eugénio Roda
Bruno Batista contando histórias
Repartindo-se por vários lugares da cidade, teve por palco principal, o Jardim Público, onde se realizou o encontro com os autores, as sessões de histórias de contos, o Mercadinho de livros e de outros materiais criativos, passando pela Mouraria, onde se realizaram tertúlias, como a que pude assitir sobre os cantes ao baldão ou o improviso de cantores cubanos. Os workshops realizaram-se, na maior parte dos casos, no Liceu Diogo Gouveia, onde tive a oportunidade de fazer o de escrita criativa, «Escrever para a infância», com a escritora Ana Saldanha, e o dos Livros Andarilhos, com Helena Zália. Foram momentos muito interessantes para trocar experiências e trazer novas ideias e sugestões para aplicar na prática.
Ana Saldanha e Ana Pessoa, escritoras para público juvenil à conversa com a bibliotecária Maria José Vitorino
Poetisa Roseana Murray
Alexis Pimienta, repentista cubano conversando com a etnomusicóloga Maria José Barriga
Poetisa Roseana Murray
Alexis Pimienta, repentista cubano conversando com a etnomusicóloga Maria José Barriga
História comovente escrita por Pablo Albo
Livro de poesia de Roseana Murray
Foi também muito gratificante conhecer a
poesia de Roseana Murray, uma brasileira, que consegue tão bem
transformar as emoções em palavras melodiosas e cristalinas; rir com o
Jorge Serafim ou o Bruno Batista, ouvir a voz límpida de Celina Piedade,
que passeava por Beja nesses dias, e aceitou o desafio de ir cantar
duas modas alentejanas; ouvir as histórias do Pablo Albo e da Tâmara
Bezerra.
Foram de tal maneira
intensos os dois dias que passei neste evento, que senti que carreguei
baterias, como se tivesse levado comigo uma mala vazia e a mesma
tivesse vindo a abarrotar.
Quem não
foi, recomendo que vá e que conheça o espírito do encontro, porque é
difícil explicar em palavras, deixo ficar algumas fotos dos momentos que
captei e sugiro que daqui a dois anos, se não conhece ainda, vá
experimentar. Parabéns à Biblioteca de Beja José Saramago por manter o
sonho vivo.
Livros Andarilhos de Helena Zália- algumas ideias
Tão bom sentir-nos a transbordar de emoções e de criatividade, e não é
preciso ser uma criança atenta ao contador de histórias para rir alto e
bom som, tão bom despir as roupagens do dia a dia, dos afazeres e
simplesmente ser e sentir, sem planos, deleitando-me com cada partilha
que nos é oferecida. Prometo voltar!
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