segunda-feira, 31 de março de 2008

«Gosto à Grega e Tio Vânia»

Domingo amanheceu cinzento e molhado. Nem parecia o dia de sol radiante e calor que estivera na véspera. A hora também tinha mudado…por isso dormira um pouco menos do que o habitual, mas dormir para mim também é só o suficiente, não sou muito dorminhoca, por isso sempre que possível gosto de aproveitar as manhãs de domingo para fazer actividades ou simplesmente para passear.
Por isso, aproveitei a ocasião e fui fazer uma visita guiada a uma exposição que se encontra patente na Fundação Calouste Gulbenkian, intitulada «O gosto à Grega, 1750-1775». Esta exposição foi organizada com a colaboração especial do Museu do Louvre, de Paris e evoca os primeiros vinte cinco anos da história do Neo-classicismo. Apesar de não ser uma temática que me atraia muito, gosto sempre de aumentar a minha cultura geral e os meus horizontes, pelo que só por si já valeu a pena. Sempre que possível opto pelas visitas guiadas para poder beneficiar de um maior enquadramento cultural.
A exposição está muitíssimo bem desenhada, apresentando exemplares de artes decorativas, gravuras ornamentais, mobiliário, ourivesaria, porcelanas de Sévres, pintura e escultura.
Site:
http://www.gulbenkian.pt



De regresso a Almada, tive tempo de almoçar e de acrescentar alguns elementos decorativos à minha casa, imprimindo aos poucos a minha marca pessoal um pouco por todo o lado. Dá-me gosto preencher cada canto, colocar mais um quadro na parede, sonhar com mais um recanto aqui e ali. Estar tudo pronto de uma só vez, não deve dar piada nenhuma.
Depois, segui em passo apressado até ao Teatro Municipal de Almada, onde iria ver a peça «Tio Vânia», de Howard Barker, livremente inspirado na conhecida obra de Tchecov. Diz o folheto entregue na entrada do teatro, que «na peça de Barker as personagens libertam-se de um criador que as sufoca. Reclamam o direito de exercer a sua vontade, subtraindo-se desta forma à paralisia a que Thecov as condenou». A expectativa era grande, mas o resultado não foi nada satisfatório. Confesso que deve ter sido a pior peça de teatro que vi na minha vida…não por culpa exclusiva dos actores, e peço que me perdoem, pois reconheço a sua dedicação e empenho, mas era tudo muito mau, o texto era hermético, absurdo, deslocado, controverso e demasiado filosófico para o cidadão comum…Uma hora e quarenta de resistência à loucura e insanidade do autor, que colocou na boca daquelas personagens tanta morbidez e exagero… e gastou-se tanto dinheiro com esta peça, como pode isto ser verdade? Durante o tempo em que assistia àquele desespero o meu único pensamento é que o autor deveria ser esquizofrénico, como poderia ter sido possível levá-la a cena. Enquanto o tempo passava, muito vagarosamente diga-se, eu sentia que as pessoas que me rodeavam, não paravam de olhar para o relógio, estavam ansiosas para que a tortura acabasse. Na verdade, quando o espectáculo acabou as palmas foram tiradas a ferro, pouco efusivas e sinceras, gesto apenas de educação e de reconhecimento dos actores. Nunca senti tão pouca energia das palmas de uma audiência. Senti que também os actores o reconheceram, olhavam-nos soturnos, como que a pedir mais…mas era só aquilo que tínhamos para lhes oferecer…
E deste modo se passou mais um domingo…Com um museu e um teatro…

sexta-feira, 28 de março de 2008

Um filme inspirado num livro sublime «Amor em Tempos de Cólera»


Inspirado na obra do escritor columbiano Gabriel Garcia Marquez, este é um filme que nos faz mergulhar no amor eterno de Florentino Ariza e Fermina Daza... um amor contrariado toda uma vida...Este é um filme para os apaixonados desta obra de Marquez... não aconselhável a românticos e apreciadores de uma boa história de amor.



segunda-feira, 24 de março de 2008

Poesia no CCB

Assim foi o dia 22 de Março, no CCB. A poesia estava em cada esquina, em cada parede desenhada, declamada e sentida. Comecei por fazer a troca de livros, sem antes deixar ficar uma mensagem no livro, com uma impressão pessoal.
O passo seguinte foi tirar de dentro de uma gaveta um poema e escrever outro para oferecer… lembro-me que o que escrevi começava por «Depois de cem anos»…, mote que aproveitei das tiras de papel que circulavam pela mesa onde escrevi essas palavras.
Houve tempo para tudo… para ver a exposição de poesia visual de Ana Hatherly, ir até à Feira do Livro de Poesia, para ouvir figuras públicas e anónimas declamarem. Mas, o que ainda gostei mais, foi de ter podido recordar um dos meus actores favoritos, Mário Viegas, declamando Fernando Pessoa e outros autores, num vídeo do seu antigo programa «Palavras Vivas» que passara na RTP. Foi com agrado que o ouvi novamente… Tenho ouvido muito bom declamador, mas nunca nenhum tão bom como ele…tão nevrálgico.
Enquanto a poesia inundava os recantos do CCB, a chuva caía insistente lá fora, tornando aquela tarde ainda mais acolhedora naquele lugar, onde a palavra foi dona do tempo e do espaço.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Dia da árvore e da poesia...


Quero plantar uma árvore,

de tronco forte e consistente,

de profundas raízes,

na terra embebidas.

Quero uma árvore sólida,

de ramos abertos,

de copa redonda e frondosa.

Quero que essa árvore dê boa sombra,

onde me possa deleitar a ver o tempo passar.

Quero vê-la crescer,

dar flores e frutos...

inspirar no verão a leve fragrância que deixa no ar...

Quero plantar uma árvore,

neste dia da poesia,

regá-la com esperança todos os dias.



Ana

quinta-feira, 20 de março de 2008

Primavera... por fim chegou!

Hoje é um dia especial, o dia do Equinócio da Primavera. Ei-la de novo, a encher-nos de esperança, de alegria, de magia e de optimismo. É certo que ainda muito fria, mas não tardará ela entrará por nós adentro com essa sumptuosidade generosa, que nos elevará ao sonho de dias cálidos e maravilhosos. A graciosa estação está de volta... que bom... espero que venha para ficar!



FLORES
Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.

Sophia de Mello Breyner


GLÓRIA
Depois do Inverno, morte figurada,
A primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.

Miguel Torga

quarta-feira, 19 de março de 2008

Agenda de Actividades do Saltimbanco

Mais uma vez deixo aqui ficar sugestões de cursos e acções de formação do Saltimbanco, que como sabem é um projecto da minha mana...
Desta vez no Seixal, no ATL dos Querubins. São para miúdos e graúdos!

ABRIL

INSCRIÇÕES ABERTAS!!!!

Clube de Videojornalismo

Objectivos: Através de uma linguagem mais pedagógica ou mais humorística, o objectivo é criar um programa no formato de “Telejornal”, com pivôs, repórteres e convidados, e desenvolver ideias de notícias, reportagens e entrevistas. Poderá ser um Telejornal temático ou geral.
Destinatários: Todos os interessados, maiores de 10 anos.
Local: Os Querubins – Centro de Estudo Acompanhado e ATL
Praceta Emílio Carlos Pinheiro, n.º4 A, Quinta da Fidalga, Arrentela, 2840-228 Seixal
Datas: De 5 de Abril a 28 de Junho. Sábados, 10h30-12h30.
Preço: 100 euros (3 meses); ou 35 euros (1 mês).
Formadora: Catarina Durão Machado, professora e jornalista.


Clube de Teatro
Objectivos: Questionar a realidade a partir de improvisações, tendo como suporte as vivências pessoais, a observação e interpretação do mundo e os conhecimentos do grupo; Utilizar a linguagem corporal e vocal para expressar sentimentos e ideias; Desenvolver a espontaneidade e a criatividade dramática individual; Desenvolver a postura, flexibilidade e mobilidade corporal; Criação de dramatizações.
Destinatários: Todos os interessados, maiores de 8 anos.
Local: Os Querubins – Centro de Estudo Acompanhado e ATL
Praceta Emílio Carlos Pinheiro, n.º4 A,
Quinta da Fidalga, Arrentela, 2840-228 Seixal
Datas: De 5 de Abril a 28 de Junho. Sábados, 10h30-12h30.
Preço: 100 euros (3 meses); ou 35 euros (1 mês).
Formadora: Ana Sofia Santos, actriz e professora de Expressão Dramática.

Oficinas de Formação e Lazer para
Miúdos e Graúdos

Tardes de Sábado 15h-18h

«Oficina de Psicologia: A Pré-Adolescência, Bicho de Sete Cabeças»
5 e 12 de Abril, 15h-18h (6 horas)

Objectivos: Duas tardes para discutir e abordar vários temas que continuam a ser verdadeiros enigmas para pais, professores e adolescentes. Uma oficina de debate, com jogos e exercícios práticos para juntar miúdos e graúdos na descoberta do mundo da pré-adolescência.
Destinatários: Todos os interessados e crianças maiores de 10 anos.
Local: Os Querubins – Centro de Estudo Acompanhado e ATL
Praceta Emílio Carlos Pinheiro, n.º4 A,
Quinta da Fidalga, Arrentela, 2840-228 Seixal
Formadora: Melany Ribeiro, Psicóloga Clínica.
Preço: Adultos - 30 euros; Adolescentes entre os 10 e os 14 anos – 5 euros.

«Eu reciclo, tu reciclas… Uma Oficina de Educação Ambiental»
19 de Abril, 15h-18h (3 horas)

Objectivos: Uma oficina prática que ensina a cuidar do ambiente, com muita criatividade e imaginação. Afinal, a Educação Ambiental começa nos gestos mais simples!
Destinatários: Todos os interessados - Adultos e crianças!
Local: Os Querubins – Centro de Estudo Acompanhado e ATL
Praceta Emílio Carlos Pinheiro, n.º4 A, Quinta da Fidalga, Arrentela, 2840-228 Seixal
Formadora: Tânia Anselmo, bióloga marinha.
Preço: 15 euros; Crianças acompanhantes até aos 12 anos: Grátis.

Inscrições: Os interessados deverão enviar a sua inscrição, com nome, morada, telefone e e-mail para info@osaltimbanco.org. Para mais esclarecimentos, consulte http://osaltimbanco.blogspot.com/ ou http://www.osaltimbanco.org/ ou contacte 917727683.


SALTIMBANCO
Animação, Apoio Escolar e Formação Complementar
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http://www.osaltimbanco.org/
http://www.osaltimbanco.blogspot.com/
info@osaltimbanco.org
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917 727 683
915 236 918

terça-feira, 18 de março de 2008

Dia da Poesia no CCB, 22 de Março


Com o objectivo primeiro de defesa da diversidade linguística, a UNESCO decidiu, em 1999, proclamar o dia 21 de Março Dia Mundial da Poesia.
Para comemorar o dia nada melhor do que ir até ao CCB. Deixo-vos aqui o programa e aproveitem a sugestão...

22 Mar 2008 - 14:00 às 19:30
Para todo o público

Entrada por: Recepção do Módulo 1 ou Foyer dos Auditórios

ENTRADA LIVRE

Excepcionalmente, e porque este ano o dia 21 de Março é Sexta-Feira Santa, vamos comemorar o Dia Mundial da Poesia no sábado, dia 22 de Março. No dia 22 vai poder usufruir de uma Feira de Livros de Poesia, assistir a Conversas “em forma de assim”, trocar livros no Espaço de Trocas, visitar uma exposição de desenhos de Ana Hatherly, participar em ateliers no Espaço de Fazer Poesias, ouvir e ver a Voz dos Poetas e ouvir poesia dita e cantada num espaço onde Todos os Poetas estão Vivos.
ProgramaEspaço de Troca
PRAÇA DO MUSEU 14:00 - 19:00Na Praça do Museu não é permitido dinheiro. Faça-se acompanhar por um livro (ou mais) que já tenha lido e dirija-se ao Espaço de Troca – aí pode trocar o seu livro por outro, tão simples como isso.

Feira do Livro de Poesia
BERTRAND FOYER GRANDE AUDITÓRIO 14:00 - 19:30
Com o apoio da Livraria Bertrand, que logo aderiu ao projecto, pode comprar o livro do seu poeta preferido no espaço reservado para o efeito no foyer do Grande Auditório.
Exposição GALERIA MÁRIO CÉSARINY 14:00 - 19:30Exposição de poesia gráfica e desenhos de Ana Hatherly
de Poesia SALA EUGÉNIO DE ANDRADE E FOYER LUÍS DE FREITAS BRANCO 14:00 - 19:30
Na Sala Eugénio de Andrade, agora projectada como estúdio de gravação, o público é convidado a dizer poesia em frente de uma câmara, ao mesmo tempo que as gravações vão passando, em simultâneo ou em diferido, num grande televisor montado para o efeito no foyer da Sala Luís de Freitas Branco.

Espaço de Fazer Poesias CPA 15:00 - 19:00
Espaço especialmente vocacionado para um público interessado em compor poesia, desenhar ou pintar poesia, onde não irão faltar poetas e artistas plásticos que o vão ajudar a encontrar inspiração.

Espaço de Silêncios SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO
15:00 - 19:00Na Sala Luís de Freitas Branco vamos ajudá-lo a escolher um livro de poesia que poderá ler em silêncio, num espaço privilegiado do CCB.

Cabinas Poéticas SALA LUÍS DE FREITAS BRANCO
14:00 - 19:00
Se pretende ouvir poesia, tem à sua disposição as Cabinas Poéticas. Um espaço peculiar onde pode ouvir os poemas que gravámos especialmente para si.O Canto do Poeta
FOYER MÓD. 1, PASSAGEM 1/2, JARDIM DAS OLIVEIRAS, JUNTO DAS LOJAS DOCE ARTE E CULTURA DO TABACO 14:00 - 18:00 No Canto do Poeta – figuras públicas ou o público presente vão dizer poesia. São quatro “Cantos”, cada um dedicado a um poeta – Luís de Camões, Fernando Pessoa,Florbela Espanca e Sophia de Mello Breyner – onde se podem ouvir os seus poemas.

Poesia Cantada Poesia Declamada PEQUENO AUDITÓRIO Espectáculo Non-Stop15:00 - 19:00 Espectáculos de poesia, “Non-Stop” – onde pode ouvir cantar ou ler poemas Café com Poesia SANDWICH BAR 16:00 - 17:00 Venha beber um café com muita poesia, e participar no debate que organizámos especialmente para si, com alguns poetas da nossa cidade e moderado por Isabel Pires de Lima.(a confirmar)

Poema Contínuo SALA DE LEITURA 15:00 - 19:00Uma mesa e seis cadeiras… Os convidados vão chegando e, tranquilamente, vão-se acomodando, vão-se interessando pela conversa, intervêm…

segunda-feira, 17 de março de 2008

Um fim-de-semana muito preenchido...

Este fim-de-semana foi um oásis no deserto dos meus dias dos últimos tempos. Foi bom estar ocupada a fazer coisas que gosto e que me preencheram por inteiro.
No sábado fui fazer a oficina de escrita criativa do Saltimbanco «A Personagem que eu sou», nas instalações do Kid’s Club, no Restelo, no edifício das Piscinas do Belenenses. Fui para ajudar a minha mana, mas também para participar e escrever. A quem gostar deste tipo de actividade, aconselho desde já a participar (o Saltimbanco tem diversas ofertas para os próximos meses). Foi engraçado, o grupo era bastante heterogéneo e bem-disposto e resultou muito bem. Na verdade, são sempre mulheres que encontro a fazer estes cursos… porque será? Será que os homens não gostam de escrever ou acharão escrever uma pieguice? O que é certo é que nos vários cursos de escrita criativa que já efectuei foram muito poucos os que aí encontrei.
De volta a Almada, tive a oportunidade de sair e conhecer um pouco da cidade à noite, numa Almada velha, que mal conhecia. Por instantes tive a sensação de estar nas ruelas de Moura, ou de Beja, de tão apertadas e irregulares. Tinha-me esquecido completamente daquela área da cidade, de tão habituada que começo a estar ao Centro Sul. Foi bom conversar, desanuviar, aliviar as tensões e os cansaços, sentir a vida correr sem pressas.
No domingo, o dia foi de meia-maratona. Gosto sempre de acompanhar o decorrer da mesma, e este ano que estou do «lado certo», vivi com maior empolgamento a mesma, embora pela televisão, pois como iria receber amigos em casa, ia preparando as coisas sempre com o olho no pequeno ecrã. Aqui na Margem Sul, a confusão foi grande, o trânsito retido, o congestionamento inevitável, só se restabelecendo perto do princípio da tarde.
Antes de almoço ainda houve tempo para fazer uma marcha de mais de meia-hora pelo Parque da Paz, em passo acelerado e aproveitar para estar entre a Natureza. Este tem sido um dos meus rituais de fim-de-semana, não o dispensando sempre que posso.
A tarde foi dedicada a receber alguns amigos, que já não via desde os meus anos. O pretexto tinha sido uma tarde de jogos, mas foi muito mais do que isso! Rimos, disparatámos, conversámos, jogámos, comemos, … Foi muito bom voltar a vê-los!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mafalda Veiga de volta...

É sempre mágico ouvir a Mafalda Veiga... o tempo parece que pára... a poesia das suas letras é um encanto. Aqui fica um registo do último trabalho dela.

segunda-feira, 10 de março de 2008

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Para mim todos os dias são dias da Mulher e embora reconheça a força e a determinação das mulheres operárias que deram origem ao dia que comemoramos a 8 de Março, a verdade é que não costumo celebrar o dia, com excepção da altura em que dei aulas no Cercal do Alentejo, onde aí sim houve festa de arromba, motivada pelo grande companheirismo entre as colegas, incluindo borga pela noite dentro, mesmo em véspera de aulas… Bons tempos esses…
Em Almada, este dia não foi esquecido e foi comemorado com múltiplas iniciativas, como a inauguração de uma obra de Arte Pública, na Quinta do Bom Retiro, intitulada «Mulher Monumento»; a distribuição de flores pelas ruas de várias freguesias do concelho; a inauguração de exposições, como a documental «Gestos de Mulher para o Futuro: educar a reconstruir. Almada/Kwanza Sul», na Galeria Municipal de Arte, e por fim a inauguração da exposição «Trabalhos de Mulheres», no Museu da Cidade.
De todas estas iniciativas, fui assistir à inauguração desta última exposição. Posso dizê-lo que fui mais pelo facto da minha amiga, Rosa Dias, ir abrilhantar a noite com a sua poesia, em parceria com outro poeta, Manuel Viegas. A inauguração abriu assim com uma sessão de poesia cheia do nome Mulher e do verbo amar. A Rosa esteve bem como sempre…Mulher de alma e coração, de grande sorriso aberto e franco, alentejana de Campo Maior, com o dom da palavra e da expressão do sentimento. Canta o Alentejo como ninguém… Além da poesia, foi possível ouvir o belo grupo juvenil Ensemble de Violinos da colectividade SFUAP, que prova bem que a juventude em Almada está viva e tem valor.
No evento, encontrei ainda o José Alberto e a Maria Eugénia da Associação Aldraba, os quais já não via desde o Encontro no Pragal (onde tive a oportunidade de participar) e que soube bem rever. Foi bom voltar a ouvir falar do Alentejo, da sua cultura e do que ele tem de melhor.
Quando cheguei a casa, liguei o televisor e curiosamente, na RTP passava um documentário português bastante interessante, passado em Santo Aleixo da Restauração, no Baixo Alentejo, sobre as suas gentes, as suas tradições, o seu cante, o trabalho dos campos, a sua labuta, os seus campos. Dei-me conta, da falta que sinto do Alentejo, desses tempos felizes aí passados, do sorriso da minha tia que nunca mais verei, das searas douradas no Verão, do calor sufocante…da calma das ruas, do horizonte infinito onde perdia o pensamento…das vozes melódicas dos homens, que há muito já não oiço… das gargalhadas que dava e das partidas que fazia a alguns colegas de escola, do trabalho etnográfico que aí fiz…Tenho saudades do Alentejo!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Sugestões...

Bruno De Lara, artista plástico português, radicado em Londres, regressa à sua cidade de infância, Lisboa, para expor as suas obras. Muitas cores, formas divertidas e momentos suspensos são o mote de Bruno! Patente na galeria de São Bento, na Rua do Machadinho, nº1, a partir de 8 de Março e até 3 de Maio! Entrada Livre! A não perder!


Datas:
15 de Março, 15h/18h

Oficina de
ESCRITA CRIATIVA:
«A Personagem que eu sou»

Através de exercícios de Escrita Criativa, esta oficina recorre às memórias e à criatividade dos participantes, numa viagem alucinante ao mundo interior das palavras.

Destinatários:
Todos os interessados no mundo da escrita livre. Mais adequado a maiores de 16 anos.

Local:
The Kids Club
Rua de Alcolena (Piscinas do Belenenses)
Restelo, Lisboa

Preço:
15 euros

Formadora:
Catarina Durão Machado, professora e jornalista.

Inscrições:
Os interessados deverão enviar a sua inscrição, com nome, morada, telefone, e-mail e profissão para info@osaltimbanco.org.

Organização:
SALTIMBANCO – Animação, Apoio Escolar e Formação Complementar
Para mais esclarecimentos, consulte http://www.osaltimbanco.org/ ou contacte 917727683.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Mais uma noite a não esquecer, mais uma vez pelos piores motivos…

Ontem à noite, chegava eu do ginásio, alegre e contente à minha nova casa, quando me pareceu ouvir alguém chorar. O choro era tão alto e comovente, que de repente me petrifiquei. Ainda pensei que fosse alguma telenovela pois era hora delas. Aproximei o meu ouvido da porta do vizinho da frente, naquele meu ímpeto, que por vezes é mais forte do que eu, mas pareceu-me ouvir alguém a falar. Pensei que talvez fosse uma desavença familiar, talvez não fosse de bom-tom bater à porta e por isso meti-me para dentro.
Mal acabei de fechar a porta, continuei a ouvir o choro, cada vez mais alto e aflito. Entretanto, apercebendo-me que alguém chegara a casa, fiquei atenta vendo do óculo da minha porta. Não queria armar-me em coscuvilheira, mas queria saber se era de facto preciso alguma coisa. Assim que a pessoa entrou, não tardou também a chorar muito alto. Nesse momento vacilei, algo de muito grave tinha acontecido naquela casa. Abri a porta timidamente e ofereci ajuda. O vizinho que vivia defronte mim, com 76 anos, morrera sozinho, vítima não se sabe muito bem de quê. Estaria morto na varanda há algum tempo quando o filho chegou. Reforcei a chamada de urgência já pedida para o 112, para me sentir útil e assim que eles chegaram e confirmaram o óbito, em respeito da família destroçada meti-me para dentro. Confesso que queria ter podido fazer mais alguma coisa. Mas, achei que o melhor era não me intrometer e respeitar o sofrimento lancinante do filho e nora, completamente em colapso nervoso. O que dizer nestas alturas? É sempre tão embaraçante, tão constrangedor… Espero que não tenham levado a mal, mas não voltei a abrir a porta até levarem o corpo.
Praticamente nunca tinha falado com estas pessoas, mas não posso esconder que esta cena me comoveu e me enervou até ao tutano. Na verdade, é uma situação que me aflige muito, principalmente agora que vivo sozinha… a aflição de ter um problema aparentemente simples, mas que pela solidão pode ser fatal…O que terá pensado este homem, terá tido consciência que morria sem ajuda?
Que me perdoem… estas palavras, mas não suporto ver o sofrimento diante de mim, e não poder fazer nada para minorar o problema. A solidão dos idosos continua na ordem do dia… Cada vez se vive e se morre mais só!!!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Estação





Na estação solitária, o tempo passa devagar. Não chegam, nem partem comboios para parte nenhuma. Sentada num banco de madeira, espero as horas passar. Repouso o meu olhar nesses trilhos tão percorridos, nesse caminho de chão perdido, desgastado pela força dos carris. Nada respira, nada se move, apenas o calor da tarde permanece e no pensamento, confusas memórias de lugares que não conheci. Ali, naquele lugar quase deserto, sinto a minha alma levedar de desejo de partir.

sábado, 1 de março de 2008

Alpha: a história de uma amizade que sobrevive há milénios

Alpha é um filme que conta uma história que se terá passado na Europa, há cerca de 20.000 anos, no Paleolítico Superior, durante a Era do...