terça-feira, 31 de março de 2009

Uma exposição a não perder: Uma Olaria Romana no Estuário do Tejo no Museu Nacional de Arqueologia

fotografia retirada do site http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/documentos/flyer_b.jpg

Desde o dia 19 de Março, que está patente no Museu Nacional de Arqueologia a exposição Uma Olaria Romana no Estuário do Tejo. Trata-se de um projecto desenvolvido pelo Ecomuseu Municipal do Seixal e pelo Museu Nacional de Arqueologia, que foi apoiado pelo Instituto dos Museus e Conservação, no âmbito do programa ProMuseus.
Esta exposição temporária resulta do trabalho de investigação desenvolvido pela equipa de arqueologia do Ecomuseu Municipal do Seixal, desde a década de 80, época em que na Quinta do Rouxinol (Corroios), se fez uma intervenção arqueológica de emergência e se descobriu a primeira olaria romana, actualmente classificada como Monumento Nacional, revelando um primeiro forno de cozedura de cerâmica. Intervenções arqueológicas posteriores permitiram descobrir vestígios de estruturas de outros fornos, além de vários fragmentos de peças de cerâmica, como é o caso de ânforas e peças de cerâmica doméstica. A maioria destas peças encontrou-se no espaço entre os fornos descobertos, numa fossa de despejo de materiais cerâmicos, provavelmente por terem sido rejeitados durante o processo de fabrico.
Estas intervenções arqueológicas decorreram no período compreendido entre 1986 e 1991, inserindo-se no projecto de investigação “Ocupação Romana na Margem Esquerda do Estuário do Tejo”.
Independentemente da minha suposta imparcialidade por motivos profissionais que me ligam a esta instituição municipal, considero que se trata de uma bela e interessante exposição, que dignifica o trabalho arqueológico deste museu, possuindo um magnífico efeito cénico, incluindo a reconstituição de um forno de cerâmica e réplicas de ânforas e peças de olaria romana. Quem se interessa por arqueologia, recomendo vivamente a sua visita, estando patente até Novembro. Não se esqueçam de fazer uma visita ao site destes museus e descubram os ateliês e as visitas temáticas que se irão desenvolver no âmbito desta exposição.

Os Maias no Trindade – até dia 26 de Abril


Finalmente, depois de duas tentativas fracassadas e de ter comprado os bilhetes com três semanas de antecedência, lá consegui ir ao Trindade ver os Maias. Confesso que a leitura deste romance de Eça de Queirós, foi decisiva para a minha formação de leitora e para a descoberta deste autor realista do séc. XIX, desbravando assim um novo campo literário e um novo gosto pelos seus romances.
Quase vinte anos depois da sua leitura, eis-me no Trindade, nesse teatro, tantas vezes citado pelo próprio Eça, sendo agora o próprio local onde se leva à cena esta obra-prima do autor.
O que sempre me agradou nesta obra literária do Eça e continua a interessar, é a sua actualidade, a sua veracidade. Passados mais de cento e tal anos, apercebemo-nos que nada mudou na sociedade portuguesa, pois a mentalidade continua a ser a mesma retratada pelo Eça nas ruas do Chiado. Somos aparentemente mais sofisticados, mas no fundo não passamos do mesmo. Sempre a espreitar quem passa, a dizer mal das modas e dos ares, a contestar as políticas e as novas correntes, mas sempre de braços cruzados, que é a nossa posição mais cómoda.
Na verdade, a peça que está em cena no Trindade, mostra-nos aspectos desta obra, que nos revelam tudo isso. Na minha opinião, esta versão teatral assenta mais nessa perspectiva das figuras da sociedade de então, da política, das traições e das intrigas burguesia fútil, do que propriamente na relação infeliz e incestuosa de Carlos Eduardo da Maia e de Maria Eduarda. Apesar de serem eles as figuras principais do romance, aqui figuram quase como personagens secundárias, perante o contexto social da época.

No folheto da peça, distribuído à entrada do teatro, está bem clara essa provocação, interrogando a assistência perante a actualidade da peça. «Será que, nos aspectos essenciais da sociedade portuguesa, mudou assim tanta coisa, nos últimos cento e tal anos?»…..
A peça vale a pena pelas interpretações de todos, destacando-se naturalmente a de José Fidalgo e a de Sofia Duarte Silva (filha da minha antiga colega Luísa da Escola do Cercal do Alentejo) e a de todos os outros elementos do elenco. Salientava ainda dois actores que me fizeram rir bastante (sim, porque a peça tem bastantes momentos hilários…) o João Didelet com o seu discurso apaixonado sobre a fé e os anjos… e a o Pedro Górgia na figura do célebre personagem Dâmaso, que como sabem, é caracterizado por um certo excentrismo e comicidade da época, proclamando frases caricatas como «Chique a Valer!», e «Que Seca!».
Quem ainda não tem bilhetes e faz mesmo questão de recordar ou de conhecer esta magnífica obra, pois já sabe, tem mesmo de se apressar, uma vez que tem acontecido um verdadeiro fenómeno de público, fazendo com que as sessões, sobretudo as de domingo estejam sempre esgotadas. Trata-se de uma boa sugestão para domingo à tarde, ou sábado à noite, depois de um bom jantar!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Os meus parabéns ao Grupo Coral Alentejano Etnográfico « Os Amigos do Alentejo» do Clube Recreativo do Feijó

Pois é, parece que foi ontem e afinal já lá vão dez anos que conheço o grupo coral dos Amigos do Alentejo. Lembro-me de tê-los visto pela primeira vez, quando comemoraram o seu 13º aniversário, em companhia do meu amigo Zé Rabaça, grande incentivador que eu me metesse nesta empresa de estudar o cante e os grupos corais. Lembro-me de ter chegado ao Feijó e de me ter fascinado as gentes alentejanas e o seu discurso identitário forte e tão enraízado. Lembro-me do Sr. Afonso, ainda hoje a principal figura daquele coral, e da forma carinhosa como me acolheu durante o início do meu trabalho de campo. Naquela altura, julgava eu que ia estudar o cante no Alentejo, mas foi aquela força que me motivou a ficar por ali, aquela simpatia, aquela atracção que se impunha. É curioso, pois às vezes na nossa vida é isso mesmo que acontece, os planos alteram-se e tudo muda, tudo porque algo mais forte se impõe perante a nossa vontade, somos levados pela paixão de uma ideia ou de um projecto que nos parece mais aliciante. Depois de ir ao Feijó pela primeira vez em Março de 1999, posso dizer que tudo mudou nos meus planos académicos, mas incrivelmente para melhor... E quis o destino que todo o caminho rumasse para lá, que tudo se alterasse na minha vida errante pelo Alentejo, para poder ter toda a disponibilidade profissional a tempo inteiro para ali ficar uns meses a conhecer melhor o modo de vida destes alentejanos... Foram tempos bons esses sem dúvida, breves mas intensos, com muitos espectáculos, viagens, festas e feiras, casamentos, mortes, ensaios, momentos de boa disposição e tristeza... Um trabalho de campo que me orgulho muito... graças a este grupo encantador.
Um feliz aniversário amigos! Não desistam... continuem... chamem mais cinco... não deixem de cantar!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sugestões de fim-de-semana

Este foi sem dúvida um excelente fim de semana. Depois de na semana passada ter ficado com uma gastroentrite, este fim de semana foi mesmo para aproveitar e em grande. No sábado fui fazer mais uma daquelas magníficas sessões do Modo de Aparição das Artes no CCB. Desta vez a sessão foi com a Margarida Fonseca Santos, escritora sobretudo de literatura infantil e juvenil e a experiência foi mesmo interessante.
O desafio da sessão era ouvir histórias de olhos fechados. Mas também realizar mapas de ideias para escrever histórias, além de contar também as histórias a uma assembleia de olhos fechados. O meu grupo acabou por fazer a história da Estrela Bicentenária e da Toupeira. Escrita a quatro mãos, essa história ficou mesmo engraçada. Um dia destes se tiver tempo, ainda me ponho a aperfeiçoá-la e quem sabe o que poderá sair de lá!!!


No domingo, aproveitei para fazer uma visita guiada à exposição sobre a Rainha D. Amélia no exílio, na Casa Museu Anastácio Gonçalves, em Lisboa. Esta exposição estará patente ao público até ao fim de Abril. Foi com espanto e satisfação que vi o pequeno museu com tanta gente àquela hora da manhã.
Esta colecção pertence a Rémi Fénérol. O espólio não reclamado por nenhum dos familiares mais próximos de D. Amélia, após a sua morte, em 1951, em grande parte porque não contemplado em testamento, assim como os muitos objectos que a Rainha generosamente ofereceu aos seus empregados durante anos, foi guardado nos sótãos dos Girard-Souza-Moreau, dos Jouve e de outros para quem as peças provenientes da Rainha eram relíquias a guardar. O actual Coleccionador, Rémi Fénérol, começou por reunir tudo aquilo que dissesse respeito a D. Amélia, que para além de ser bisneta do Rei Luís Filipe de Orléans era Rainha. Começava assim a actual Colecção. Ao longo dos anos foram sendo acrescentadas peças provenientes de espólios de outros antigos servidores, comprados directamente a estes ou aos seus familiares, bem como objectos oriundos de leilões de familiares da rainha que haviam recebido peças em herança. Os objectos que agora se apresentam são uma pequena selecção de uma colecção maior que reúne os mais variados tipos de obras: vestuário, pequenos objectos de colecção, pintura, fotografia, livros, documentos e parte dos diários da Rainha.

A visita foi conduzida maravilhosamente por José Alberto Ribeiro, o director do museu. Durante uma hora e meia tivemos a oportunidade de conhecer melhor a figura emblemática e sofrida da Rainha D. Amélia, uma mulher que me fascinou pela sua força de vontade e determinação, pela sua acção junto dos desprotegidos e dos que mais precisavam, não se deixando abalar pela vida trágica e dramática que teve. Uma exposição verdadeiramente imperdível. A próxima visita guiada realiza-se dia 26 de Abril.

INFORMAÇÕES:
Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves Av. 5 de Outubro, Nº6 - 81050-055 Lisboa
Tel.: 213 540 823/923
SITE:http://www.cmag-ipmuseus.pt/


À tarde aproveitei para pôr o cinema em dia, e fui ver o filme vencedor dos Óscares, o Slumdog Millionaire, ou em português, o Quem quer ser Milionário? Trata-se de um filme muito interessante, sobre a vida de dois irmãos, numa Índia que não tem nada a ver com a que vemos em postais ilustrados, ou com o exotismo das belas viagens que vemos na televisão. Uma Índia sofrida e cheia de marcas na vida daqueles dois irmãos, abandonados à sorte e ao destino. Aliás, o destino é mesmo o mote central da intriga. Gostei bastante, apesar da dureza e realidade das imagens e dos sentimentos que nos suscita.


Estas são algumas das sugestões que vos aconselho para um destes fins-de-semanas.

Alpha: a história de uma amizade que sobrevive há milénios

Alpha é um filme que conta uma história que se terá passado na Europa, há cerca de 20.000 anos, no Paleolítico Superior, durante a Era do...