quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A origem etimológica do termo Feira da Ladra

A origem etimológica do termo Feira da Ladra e as suas contradições



A origem que está por detrás do seu nome tem sido alvo de várias teorias, não se tendo chegado a uma conclusão definitiva. Todas as hipóteses parecem ser portadoras de sentido, quando analisadas isoladamente, porém a verdadeira razão permanece desconhecida.
O arqueólogo e olisipógrafo, Augusto Vieira da Silva, apresenta uma versão curiosa baseada no facto de existir normalmente uma ligação entre os locais e os nomes, alcunhas ou profissões dos que neles viviam ou os frequentavam. Assim sugere que a origem desta denominação proviesse de uma alcunha de uma das personalidades da dita feira.
Contudo, mais verosímil parece uma outra hipótese que defende a associação do nome da feira ao tipo de negócio que aí ainda existe. Não esqueçamos que muitos dos objectos são já usados, derivando muitas vezes de roubos. 3
Este nome pode também dever-se ao tempo em que a feira esteve localizada no Rossio. Muitos Pregadores, à semelhança de Frei António do Rosário, apelidavam-na de “Ladra”, já que estava na origem de muitos desvarios e causa de muitos pecados. 4
Outros investigadores adiantam que a raiz etimológica venha de “lada”, o que segundo Pinho Leal, significaria no português antigo “margem de rio” porque, segundo ele, esta feira teria estado no século XII às portas do mar (Ribeira Velha), sobre a margem direita do Tejo.
Esta teoria suscitou novamente polémica, tendo sido discutida largamente em quatro números do Jornal do Comércio.
Contudo, Alberto Pimentel refuta esta teoria. Segundo ele, a Feira da Ladra nunca esteve na margem do Tejo, sendo a feira que lá se realizava de bens de primeira necessidade, nada tendo a ver com a que se realizava no Rossio às Terças-Feiras.
Outra perspectiva é a de Henrique O’Neill que defende que “Ladra” poderia ser uma assimilação de “lázaro” ou “lazarento”, “miserável”. Por outro lado, o nome poderia ter relação directa com uma feira muito importante em Paris, chamada Saint Ladre, ou ainda poderia derivar do piolho “ladro”, insecto que aparece junto às velharias, muito comuns neste tipo de feira.
Torna-se difícil saber qual destas hipóteses será a mais adequada, uma vez que todas parecem peças importantes do puzzle, conferindo juntas uma totalidade coerente: a verdadeira Feira da Ladra.

3 Cf. José Ribeiro Guimarães, “ Feira da Ladra” in: Jornal do Comércio, nº 6284, Lisboa, 16/10/1874, p.1

4 Cf. Frei António Rosário, Feyra Mystica , 1691

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