quinta-feira, 16 de agosto de 2018

De regresso a Atenas



O dia começou com o barco já atracado no porto de Piréus. Um misto de saudade e nostalgia invadiu o meu espírito, não só porque a chegada tinha um sabor a despedida de dias preenchidos que passaram rápido demais, mas porque sabia que naquele mesmo porto, o meu tio, que tinha sido durante alguns anos embarcado num navio grego, ali teria chegado e partido muitas vezes… foi como se ali naquele porto sentisse que havia uma pequena parte da sua história…a de um homem que correu mundo toda a vida.
Depois de desembarcarmos, a manhã foi muito preenchida, tendo como ponto alto a visita à Acrópole e ao famoso Partenon, símbolo da glória da Grécia Antiga. Com um calor abrasador logo pelas primeiras horas da manhã, previa-se que a subida fosse penosa, pela encosta íngreme que se vislumbrava, multiplicando-se os turistas que ali chegavam.







Na Acrópole, que significa “cidade alta”, lugar caraterístico da maioria das cidades gregas, por motivos de defesa, e onde se sedeavam os principais lugares de culto, as pessoas apinhavam-se para consumir o lugar como ponto turístico obrigatório, multiplicando-se as fotos do Partenon, do templo de Ateneia Niké e de Erecteion e as suas cariátides e muitas selfies. Seguiam na correnteza de grupos que vagueavam pelo local, muitos deles sem perceberem muito bem o real valor da antiguidade daquelas pedras milenares, deixando a sua marca digital quando os vigilantes estão distraídos. Pergunto-me se ao ritmo com que as pessoas invadem o local, haverá dentro de umas centenas ou dezenas de anos, muito mais para preservar.
O Partenon, encomendado por Péricles em 447 a. C, é um templo dórico dedicado à Deusa Atena, protetora da cidade, tendo havido no seu interior uma impressionante escultura consagrada a esta Deusa com cerca de 12 metros de altura, coberta de ouro e marfim. Hoje apenas são visíveis ruínas, mantendo-se a sua estrutura, que resistiu estoicamente perante todos os ataques a que foi submetido, tendo chegado a ser uma igreja, uma mesquita e um arsenal, bombardeado em 1687, durante o cerco que os venezianos moveram aos turcos, e saqueado no início do século XIX, quando Lord Elgin autorizou o roubo da decoração escultural do templo e o vendeu ao Museu Britânico.
Atualmente, confundem-se os pilares com os dos andaimes que tapam parte das suas fachadas para  salvaguardar a sua estrutura, substituindo-se em algumas secções a pedra já gasta por madeira, sobretudo nos frisos, e intervém-se ativamente na sua conservação.



Depois de um banho de história, de cultura, de Deuses, e de um calor que não se suportava, houve tempo ainda para fazer uma visita panorâmica de autocarro por Atenas, incluída no pacote da viagem, parando no Estado Olímpico para mais umas tantas fotografias e ver novamente a Praça Syntagma, onde com aquele calor os Evzones derretiam aguardando o render à hora certa.
De regresso ao Hotel President, percebemos que algo no tempo mudara, o céu tinha tomado tons mais escuros e um vento descontrolado começava a soprar com mais intensidade, embora a temperatura se mantivesse extremamente elevada. Depois do cansaço da manhã na Acrópole decidimos que parte da tarde seria para descansar na piscina do hotel e desfrutar de um banho relaxante, pois férias também significa ter tempo para usufruir. 

A meio da tarde regressámos de novo ao centro para comprar a excursão para Delfos, que pretendíamos fazerno dia seguinte. Quando chegámos a Monastiraki, o vento soprava ainda mais forte, rodopiando e levando tudo pela frente. Perguntámos à senhora da loja das excursões se era normal e ela procurou despreocupar-nos dizendo que sim, mas que havia um grande incêndio nas proximidades, completamente incontrolável.
Face aos acontecimentos trágicos do ano passado em Portugal, com os incêndios, eu e a minha irmã ficámos um pouco apreensivas com a excursão no dia seguinte, pois temíamos que em Delfos ou no caminho pudesse haver alguma frente ativa que nos apanhasse de surpresa. A senhora procurou acalmar-nos porque não havia fogo por essas paragens e resolvemos arriscar a comprar a excursão.
Como o bairro da Plaka, ficava ali muito perto, percorremos as suas ruas estreitas, algumas com lojas de souvenirs, cafés e restaurantes. 





Sentámo-nos numa esplanada para descansar um pouco e tomar uma bebida fresca e num instante, o vento intensificou-se, levantando tudo à sua frente,  com uma força que nos parecia querer arrastar. Face a isto, esquecemos a intenção de jantar naquele bairro e fomos apanhar o metro com destino ao hotel.
Quando chegámos ao hotel ligámos a televisão e percebemos, através das notícias da televisão grega, que o fogo estava mesmo assustador e a poucos quilómetros de Atenas. Infelizmente esta situação também não é uma novidade em terras gregas, sendo todos os anos afetados por este flagelo que tudo consome.
Por precaução preferimos ficar pelo hotel e ir vendo o avançar dos acontecimentos. Partiríamos bem cedo no dia seguinte para Delfos.

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