Todos os anos por esta altura costumo deixar aqui algumas impressões sobre os meus passeios por Lisboa. Na verdade, apesar de ser uma lisboeta de “gema” e de palmilhar muitos dos seus caminhos, em Agosto, a cidade apetece e sabe melhor, só nesta ocasião ponho em dia certos percursos, descanso o olhar em pormenores em que a pressa do quotidiano não permite parar.
Neste dia 15 de Agosto, o objectivo era ir ver a exposição «Corpo – Estado, Medicina, e Sociedade no Tempo da I República»,no Torreão Nascente do Terreiro do Paço já que no domingo anterior tinha ido ver a outra exposição « Viajar. Viajantes e Turistas à Descoberta de Portugal no Tempo da Primeira República», no Torreão Poente - de qual aliás gostei muito porque aborda o tema da viagem, dos primeiros turistas estrangeiros em Portugal e do nascimento do lazer entre os portugueses, das praias, das termas, do ritual de viajar e partir de casa, dos meios de transporte utilizados na época.Ao chegar ao Terreiro de Paço tive a oportunidade de ver no Tejo algumas embarcações tradicionais, que se juntavam possivelmente para integrar a regata do «Atlântico Azul», entre as quais lá ia o bote de fragata «Baía do Seixal», sempre tão gracioso a navegar no Tejo…
A exposição «Corpo – Estado, Medicina, e Sociedade no Tempo da I República» é bem mais pequena do que as anteriores que já vi, inseridas nas comemorações da Proclamação da República, mas igualmente interessante, por retratar a história da medicina em Portugal no séc. XX, exibindo instrumentos médicos, fotografias, e até cenas um pouco macabras, de filmes antigos que nos mostram operações feitas na década de 10/20, horripilantes, em que os pacientes praticamente não têm anestesia, e são verdadeiramente esquartejados de forma brutal. Apesar de um documento precioso, não recomendo para quem tem o estômago sensível. No geral, é uma exposição mais especializada do que as restantes, mas vale a pena visitar.
À tarde, depois de uma boa açorda de camarão na Portugália, o objectivo era ver uma outra exposição no Carmo, também sobre a República, mas alusiva à educação, no Palácio Valadares, tal como vinha anunciado na Agenda Cultural. Mas, o nº32, como vinha publicado não corresponde ao Palácio Valadares, mas sim à Guarda Nacional Republicana, e o mesmo, que em tempos foi a Escola Secundária Veiga Beirão, onde andei do 7º ao 9º ano, estava fechado, sem quaisquer indícios de exposição. Ainda fui perguntar à GNR, se sabiam de alguma coisa, mas coitados dos militares ficaram a olhar para mim embasbacados.
Resultado, não vi a tal exposição sobre a educação, mas deixei-me ficar a saborear uma magnífica esplanada no Rossio, a pôr a conversa em dia, que sabe sempre tão bem. Por coincidência, apanhei ainda o final da última etapa da Volta a Portugal em bicicleta, no Rossio, a qual foi durante muitos anos um ponto alto das minhas férias de verão, entretendo-me a seguir com curiosidade o percurso do Joaquim Gomes, esse célebre corredor.
Um dia bem passado para desanuviar do stress.
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