quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Colóquio sobre o Cante Alentejano no Cine Teatro Academia Almadense

Decorreu no dia 26 de novembro, em Almada, no Cine Teatro da Academia Almadense um Colóquio sobre o Cante Alentejano, organizado pelas Cantadeiras de Essência Alentejana, e integrado nas comemorações do 3º aniversário da patrimonialização do Cante Alentejano pela UNESCO. Nele participaram Ana Machado, a moderadora do debate, Luís Maçarico, Dulce Simões e Manuel Martins, do grupo "Em cantos do Alentejo". 

Enquanto moderadora do debate, incentivei a que se pense o cante alentejano não apenas à luz do urge pensar o cante alentejano não apenas à luz do passado, mas do presente e do futuro, criando estruturas para que o mesmo seja potenciador de sustentabilidade, económica e culturalmente. Uma das possibilidades, que já se verifica no Alentejo é aproximar o cante do ensino, para poder ser transmitido aos mais novos, podendo ser criados novos temas, mais coadunáveis com a vida do presente, e reforçar a sua visibilidade nas redes sociais e nos meios de comunicação social.Após o reconhecimento do cante alentejano como património imaterial da humanidade é tempo então para proceder à recolha e análise documental e caraterização desta expressão performativa, de encetar estudos e investigações relacionadas com o Cante na Área Metropolitana de Lisboa, para que o mesmo possa ser registado e documentado, enquanto se mantiver vivo nestes territórios. 
Luís Maçarico refletiu sobre os novos caminhos do cante e os perigos da sua mercantilização, podendo converter-se num produto demasiado turístico correndo o risco de perder a sua genuinidade no futuro.Nesse sentido, apelou à união dos grupos e à cumplicidade dos mesmos em torno da defesa desse património, lutando com veracidade e empenho, para que o mesmo não seja desvirtuado e se mantenha a emoção e o sentimento com que é cantado.
Dulce Simões apresentou uma comunicação que percorreu o contexto histórico do cante alentejano, desde os finais do séc. XIX aos dias de hoje, pós reconhecimento da UNESCO, referindo as suas origens, as suas raízes e o modo como foi institucionalizado pelo Estado Novo, em espetáculos de palco e concursos que enfatizaram a estética do cante. Enquanto o cante performativo apelava ao discurso da identidade nacional, o cante que se ouvia nos campos e nas tabernas, tinha um tom mais interventivo, tendo sido inclusive proibido fora de horas e perseguido pela GNR.
O terceiro interveniente, Manuel Martins, referiu a sua experiência enquanto cantador no grupo "Em Cantos do Alentejo" e como defensor da cultura alentejana na Margem sul do Tejo, sendo também vice-presidente da Casa do Alentejo.








Luís Maçarico declamando poesia

A poetisa Rosa Dias 

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