Decorreu no dia 26 de novembro, em Almada,
no Cine Teatro da Academia Almadense um Colóquio sobre o Cante Alentejano,
organizado pelas Cantadeiras de Essência Alentejana, e integrado nas
comemorações do 3º aniversário da patrimonialização do Cante Alentejano pela
UNESCO. Nele participaram Ana Machado, a moderadora do debate, Luís Maçarico,
Dulce Simões e Manuel Martins, do grupo "Em cantos do
Alentejo".
Enquanto moderadora do debate, incentivei
a que se pense o cante alentejano não apenas à luz do urge pensar o cante
alentejano não apenas à luz do passado, mas do presente e do futuro, criando
estruturas para que o mesmo seja potenciador de sustentabilidade, económica e
culturalmente. Uma das possibilidades, que já se verifica no Alentejo é
aproximar o cante do ensino, para poder ser transmitido aos mais novos, podendo
ser criados novos temas, mais coadunáveis com a vida do presente, e reforçar a
sua visibilidade nas redes sociais e nos meios de comunicação social.Após o
reconhecimento do cante alentejano como património imaterial da humanidade é
tempo então para proceder à recolha e análise documental e caraterização desta
expressão performativa, de encetar estudos e investigações relacionadas com o
Cante na Área Metropolitana de Lisboa, para que o mesmo possa ser registado e
documentado, enquanto se mantiver vivo nestes territórios.
Luís Maçarico refletiu sobre os novos
caminhos do cante e os perigos da sua mercantilização, podendo converter-se num
produto demasiado turístico correndo o risco de perder a sua genuinidade no
futuro.Nesse sentido, apelou à união dos grupos e à cumplicidade dos mesmos em
torno da defesa desse património, lutando com veracidade e empenho, para que o
mesmo não seja desvirtuado e se mantenha a emoção e o sentimento com que é cantado.
Dulce Simões apresentou uma comunicação
que percorreu o contexto histórico do cante alentejano, desde os finais do séc.
XIX aos dias de hoje, pós reconhecimento da UNESCO, referindo as suas origens,
as suas raízes e o modo como foi institucionalizado pelo Estado Novo, em
espetáculos de palco e concursos que enfatizaram a estética do cante. Enquanto
o cante performativo apelava ao discurso da identidade nacional, o cante que se
ouvia nos campos e nas tabernas, tinha um tom mais interventivo, tendo sido inclusive
proibido fora de horas e perseguido pela GNR.
O terceiro interveniente, Manuel Martins,
referiu a sua experiência enquanto cantador no grupo "Em Cantos do
Alentejo" e como defensor da cultura alentejana na Margem sul do Tejo,
sendo também vice-presidente da Casa do Alentejo.
Luís Maçarico declamando poesia
A poetisa Rosa Dias
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