terça-feira, 24 de maio de 2011

Debate sobre o Cante Alentejano

Realizou-se na Escola Superior de Educação de Beja, no dia 24 de Maio, um encontro cujo intuito foi o de debater o Cante Alentejano. Este debate contou com a organização de José Orta, um antropólogo e um apaixonado pelo cante, que tem promovido estudos relacionados com esta prática performativa.
Entre os oradores, encontrava-se o Padre Manuel Cartageno, que tem estudado o cante alentejano numa perspectiva musical; Jorge Moniz que desenvolveu uma tese de mestrado no campo da etnomusicologia, com o grupo coral «Ceifeiros de Cuba»; Luís Clemente, outro jovem musicólogo que se tem interessado pelo cante; Joaquim Soares, da Associação MODA, defensor acérrimo do cante tradicional; Jorge Raposo, director da ESE de Beja e também da área musical; Paulo Lima, antropólogo que se dedicou ao estudo da cultura popular alentejana, com destaque para as décimas, poesia popular, e também um estudioso do cante, tendo estado envolvido na defesa de uma candidatura do cante alentejano a património mundial da humanidade. E por fim, Ana Machado, autora deste texto, que estudou o cante Alentejano no Feijó, no âmbito da sua dissertação de mestrado em Antropologia.
Tratou-se de um momento deveras interessante, por ter reunido especialistas com experiências tão díspares e complementares, tendo permitido um diálogo centrado sobretudo nas questões das origens do cante e na sua estrutura musical.
Por ter sido pouco tempo, e porque muito mais haveria a dizer, sinto que faltou sobretudo espaço para a partilha de saberes relacionados com os estudos de caso que cada um dos intervenientes desenvolveu, contribuindo para um maior leque de perspectivas e um enriquecimento do tema, pois um antropólogo não vê com clareza aspectos musicais que podem ser interessantes para a sua compreensão, do mesmo modo que um musicólogo pode não apreender outros aspectos sociais e antropológicos que escapam ao seu olhar.
O debate finalizou com diferentes perspectivas sobre a identidade do cante alentejano, havendo quem defendesse, como o Sr. Joaquim Soares, um cante tradicional e sério em cima de um palco, e quem defendesse a necessidade da coexistência de um cante performativo e de um cante espontâneo, pois este último é igualmente importante para a construção dessa mesma identidade alentejana, sobretudo nos contextos migrantes, como é o caso da Margem Sul do Tejo, sendo através desse que os homens se aproximam e se expressam cantando, mais próximo do cante que se ouvia cantar nos campos alentejanos no passado.
Por terem ficado muitas questões em suspenso e por muito mais haver para discutir, espera-se que o encontro se volte a realizar em breve, desta vez com temas menos abrangentes. O debate contou com a presença ainda do Sr. Governador Civil de Beja e espera-se que o mesmo venha a ser publicado, com o patrocínio do Governo Civil de Beja.

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