No ano do desaparecimento deste grande vulto da fotografia, Gerard Castello-Lopes, podemos visitar uma exposição antológica da obra do autor, intulada «Aparições: A Fotografia de Gérard Castello-Lopes 1956-2006»,no espaço BES, no Marquês Pombal, onde se apresentam cerca de 153 trabalhos do fotógrafo, assim como alguns objetos pessoais, câmaras, livros, discos, óculos, etc.
Organizada por Jorge Calado, curador da exposição, esta mostra fotográfica revela um olhar diferente em relação à obra de Castello-Lopes, habitualmente dividida em dois períodos, um nos anos 50-60, do séc. XX, e outro a partir dos anos 80 até 2006, conjugando uma apresentação não-cronológica. Neste sentido, é interessante verificar que certos enfoques do fotógrafo permanecem semelhantes ao longo do tempo, interessando-o sobretudo as geometrias dos espaços, as linhas direitas, mas também as paisagens e as pessoas, integradas num todo. Talvez por não gostar de fotografar diretamente os seus retratados, mas antes as suas silhuetas, sombras, projeções ou gestos, as pessoas nas suas fotografias não são muitas vezes se não uma parte da paisagem.
Ao percorrermos os corredores da exposição e ao olharmos detalhadamente para as fotografias, parece sempre haver algo que nos intriga, seja um olhar, corpos que se inclinam para fora do alcance da imagem, uma pose, uma paisagem, fazendo-nos pensar em múltiplas histórias, nas suas personagens, nos diálogos que ficaram por dizer. E contudo, são fotografias que captam os momentos no tempo, eternizando-o. As ações parecem suspensas e cristalizadas, como se tudo o resto se resumisse àquele momento, àquela vivência…
Nesta exposição, podemos então encontrar as primeiras fotos datadas de 1956 até 2006, incluindo uma mistura de espécimes, desde as fotografias mais conhecidas até às provas vintage, a maioria delas inéditas, às imagens mais modernas, aos pequenos e médios formatos.
Outra preocupação do fotógrafo bem patente nesta exposição é o conceito de escala, sendo a célebre foto da pedra, tirada junto ao cabo da Roca, que parece suspensa no ar, um bom exemplo disso, exibindo-se provas de várias dimensões dos 4 cm aos 2 m.
A exposição é contemplada com um pequeno filme de contextualização, com a participação de Jorge Calado e o testemunho da mulher e do filho do fotógrafo. Trata-se de uma importante oportunidade para conhecer, ver ou rever as magníficas fotos deste que foi seguramente um dos maiores fotógrafos portugueses dos últimos anos. A entrada na exposição é livre e tem horário de segunda a sexta-feira das 9h às 21h.
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