Inspirei-me numa canção de Sérgio Godinho sobre a namorada do Benjamim, para escrever este texto. Espero que gostem!
Maria Rita acabara de fazer 18 anos. Tinha o corpo incandescente de uma mulher que começava a despertar para a vida, atraindo magneticamente os olhares dos rapazes que a olhavam com desejo. O seu porte era altivo e elegante, diferenciando-se, por isso das raparigas da sua idade que viviam lá no bairro. Os longos cabelos castanhos, ondulados em cachos, percorriam-lhe as costas e a sua tez morena acentuava-lhe as feições, contrastando com os seus belos olhos verdes, grandes e sérios. O seu sorriso era florido, lumionoso, num rosto gaiato e bandido, o que lhe configurava um traço de mistério e a tornava num perigo para os corações masculinos mais expostos às fraquezas do amor.
Também Benjamim não escapara aos seus encantos. Andava perdido de amores, desde o dia em que a vira pela primeira vez na Fábrica Conserveira onde trabalhavam. Mas, a Maria Rita era sabida e ardilosa, de tudo fazia para ignorar o rapaz, recusando o convite que ele lhe fizera para a acompanhar a casa, depois do trabalho. Ria dele com as amigas, zombava das suas cartas melosas e românticas, dizia que ele era um pobre diabo sem eira nem beira… E por isso, provocava-o até ao limite. Punha-se à varanda, nas noites quentes de verão, à espera de ver Benjamim passar. De vestido de chita, justo e de grande decote, com os cabelos a esvoaçar ao vento, exibia-se para ele. Quando Benjamim lhe dirigia um “Boa Noite!” tímido e sumido, ela fechava-lhe a janela na cara e desatava uma gargalhada sonora e estridente, que actuava em Benjamim como uma pancada seca no peito. Os amigos já nem sabiam o que lhe dizer: “ Esquece a gaja, já viste que ela é daquelas que põem um homem maluco, não te podes deixar levar! Vamos mas é beber umas cervejas e esquece a Rita, que essa tua conversa da Rita, Rita, já chateia um gajo!”. E lá ia o Benjamim afundar as mágoas numa caneca de imperial na taberna do Ti Manel. Saía de lá pelas 3 da madrugada, em braços, arrastado pelas ruas pelos amigos, em estado igualmente ébrio, cantando cantigas de amor à sua apaixonada empertigada.
Cansado do sufoco em que andava, Benjamim resolveu pedir ajuda à Avó Chica, uma anciã casamenteira e conhecedora de mesinhas do amor e pediu-lhe conselhos, sobre a melhor maneira de conquistar a Maria Rita.
Após este encontro proveitoso com a velha curandeira, Benjamim traçou um novo objectivo na sua vida: comparecer no baile da Sociedade Recreativa os Unidos de Alhandra, onde a Rita tinha por hábito ir às matinés de domingo, dançar as rumbas, os chá-chá-chás e o Rock´n Roll e pôr em prática o seu plano diabólico.
Nesse dia vestiu um casaco de cabedal preto, abandonou o velho casaco castanho puído com que sempre andava, pôs um pouco de brilhantina no cabelo, deu-lhe alguns jeitos, formando ondas, e foi até ao baile. Lá chegado pegou na Rita para dançar, e mesmo sem o seu consentimento, dançou com ela um twist louco, cheio de paixão, fúria e sentimento. Os passos acelerados, a música alta de mais, o corpo contorcido de Maria Rita pulando pelo ar, pareciam flashes de momentos surreais e improváveis, sem qualquer proximidade com a realidade. Maria Rita, estava deveras impressionada, desfazendo-se aos poucos daquela imagem apagada e pacata que tinha do Benjamim. Afinal, ele até sabia dançar e que bem ele rodopiava no salão. Sem controlar o que sentia, ela sentiu o coração disparar e entusiasmou-se com a dança, subindo sobre ele, em acrobacias algo arriscadas, mas cheias de animação, a tal ponto que os restantes participantes na dança se afastaram para admirar as suas proezas.
Quando a dança acabou, Maria Rita estava completamente surpreendida com o que experimentara nos últimos minutos, começando a sentir algo de misterioso sobre aquele rapaz de reacções tão inesperadas.
Foi nesse dia que o seu namoro começou, sendo hoje um dos pares mais felizes do Bairro Operário, onde ainda vivem. O que disse ou fez a avó Chica ao Benjamim, isso nunca se saberá.
Maria Rita acabara de fazer 18 anos. Tinha o corpo incandescente de uma mulher que começava a despertar para a vida, atraindo magneticamente os olhares dos rapazes que a olhavam com desejo. O seu porte era altivo e elegante, diferenciando-se, por isso das raparigas da sua idade que viviam lá no bairro. Os longos cabelos castanhos, ondulados em cachos, percorriam-lhe as costas e a sua tez morena acentuava-lhe as feições, contrastando com os seus belos olhos verdes, grandes e sérios. O seu sorriso era florido, lumionoso, num rosto gaiato e bandido, o que lhe configurava um traço de mistério e a tornava num perigo para os corações masculinos mais expostos às fraquezas do amor.
Também Benjamim não escapara aos seus encantos. Andava perdido de amores, desde o dia em que a vira pela primeira vez na Fábrica Conserveira onde trabalhavam. Mas, a Maria Rita era sabida e ardilosa, de tudo fazia para ignorar o rapaz, recusando o convite que ele lhe fizera para a acompanhar a casa, depois do trabalho. Ria dele com as amigas, zombava das suas cartas melosas e românticas, dizia que ele era um pobre diabo sem eira nem beira… E por isso, provocava-o até ao limite. Punha-se à varanda, nas noites quentes de verão, à espera de ver Benjamim passar. De vestido de chita, justo e de grande decote, com os cabelos a esvoaçar ao vento, exibia-se para ele. Quando Benjamim lhe dirigia um “Boa Noite!” tímido e sumido, ela fechava-lhe a janela na cara e desatava uma gargalhada sonora e estridente, que actuava em Benjamim como uma pancada seca no peito. Os amigos já nem sabiam o que lhe dizer: “ Esquece a gaja, já viste que ela é daquelas que põem um homem maluco, não te podes deixar levar! Vamos mas é beber umas cervejas e esquece a Rita, que essa tua conversa da Rita, Rita, já chateia um gajo!”. E lá ia o Benjamim afundar as mágoas numa caneca de imperial na taberna do Ti Manel. Saía de lá pelas 3 da madrugada, em braços, arrastado pelas ruas pelos amigos, em estado igualmente ébrio, cantando cantigas de amor à sua apaixonada empertigada.
Cansado do sufoco em que andava, Benjamim resolveu pedir ajuda à Avó Chica, uma anciã casamenteira e conhecedora de mesinhas do amor e pediu-lhe conselhos, sobre a melhor maneira de conquistar a Maria Rita.
Após este encontro proveitoso com a velha curandeira, Benjamim traçou um novo objectivo na sua vida: comparecer no baile da Sociedade Recreativa os Unidos de Alhandra, onde a Rita tinha por hábito ir às matinés de domingo, dançar as rumbas, os chá-chá-chás e o Rock´n Roll e pôr em prática o seu plano diabólico.
Nesse dia vestiu um casaco de cabedal preto, abandonou o velho casaco castanho puído com que sempre andava, pôs um pouco de brilhantina no cabelo, deu-lhe alguns jeitos, formando ondas, e foi até ao baile. Lá chegado pegou na Rita para dançar, e mesmo sem o seu consentimento, dançou com ela um twist louco, cheio de paixão, fúria e sentimento. Os passos acelerados, a música alta de mais, o corpo contorcido de Maria Rita pulando pelo ar, pareciam flashes de momentos surreais e improváveis, sem qualquer proximidade com a realidade. Maria Rita, estava deveras impressionada, desfazendo-se aos poucos daquela imagem apagada e pacata que tinha do Benjamim. Afinal, ele até sabia dançar e que bem ele rodopiava no salão. Sem controlar o que sentia, ela sentiu o coração disparar e entusiasmou-se com a dança, subindo sobre ele, em acrobacias algo arriscadas, mas cheias de animação, a tal ponto que os restantes participantes na dança se afastaram para admirar as suas proezas.
Quando a dança acabou, Maria Rita estava completamente surpreendida com o que experimentara nos últimos minutos, começando a sentir algo de misterioso sobre aquele rapaz de reacções tão inesperadas.
Foi nesse dia que o seu namoro começou, sendo hoje um dos pares mais felizes do Bairro Operário, onde ainda vivem. O que disse ou fez a avó Chica ao Benjamim, isso nunca se saberá.
Sem comentários:
Enviar um comentário