Para assinalar os 20 anos do incêndio do Chiado, deixo hoje aqui ficar um poema feito pela minha mãe em Setembro de 1988. Como muitos saberão, esta é uma data que me toca em particular. Parece mentira, que já tenham passado vinte anos, tinha eu na altura quinze anos e preparava-me para ir frequentar o 9º ano. Realmente a vida passa muito rápido...
Para ti Lisboa, com o meu Amor.
A noite já ia alta
E Lisboa preguiçosamente acordava devagar
Com seu ar de menina bonita,
em breve O Sol doirado viria beijá-la
E fazer rebrilhar as águas do seu Tejo.
Mas, como por feitiço,
O seu acordar lento e vagaroso, tornou-se um rebuliço,
E o luto do seu xaile ficara mais carregado.
E como num gemido, ela esqueceu seu fado,
E chorou… seu peito desventrado.
E um grito se ouviu!...
Como se um marinheiro depois de uma noite de farra
Esfaqueado tombasse no chão…
Há um grito de socorro, e há um outro mais além!...
Feriram seu coração…
Gritam lá do elevador: «Há Fogo no Chiado!»
E logo alguém lá em baixo corre a transmitir o recado.
E Lisboa acorda assim ainda um pouco estremunhada,
Com o toque das sirenes… - Há Fogo! Há Fogo!...
E como alastra e devasta, património bens e vidas.
E os Homens que tudo deram, esses soldados da Paz, Valentes, Fortes e Audazes.
Choro por ti ainda Lisboa querida,
Perdeu-se teu coração, salvaram a tua vida.
Ficaremos com a Esperança
Que o possam restituir, tal qual era Enamorada.
Esquece o medo e a ansiedade,
Mantém sim… acesa a saudade.
Traça o teu xaile e num gemido de guitarra bem trinado,
Vem Lisboa, Vem de novo Cantar teu fado!
Carminda Durão Machado
Para ti Lisboa, com o meu Amor.
A noite já ia alta
E Lisboa preguiçosamente acordava devagar
Com seu ar de menina bonita,
em breve O Sol doirado viria beijá-la
E fazer rebrilhar as águas do seu Tejo.
Mas, como por feitiço,
O seu acordar lento e vagaroso, tornou-se um rebuliço,
E o luto do seu xaile ficara mais carregado.
E como num gemido, ela esqueceu seu fado,
E chorou… seu peito desventrado.
E um grito se ouviu!...
Como se um marinheiro depois de uma noite de farra
Esfaqueado tombasse no chão…
Há um grito de socorro, e há um outro mais além!...
Feriram seu coração…
Gritam lá do elevador: «Há Fogo no Chiado!»
E logo alguém lá em baixo corre a transmitir o recado.
E Lisboa acorda assim ainda um pouco estremunhada,
Com o toque das sirenes… - Há Fogo! Há Fogo!...
E como alastra e devasta, património bens e vidas.
E os Homens que tudo deram, esses soldados da Paz, Valentes, Fortes e Audazes.
Choro por ti ainda Lisboa querida,
Perdeu-se teu coração, salvaram a tua vida.
Ficaremos com a Esperança
Que o possam restituir, tal qual era Enamorada.
Esquece o medo e a ansiedade,
Mantém sim… acesa a saudade.
Traça o teu xaile e num gemido de guitarra bem trinado,
Vem Lisboa, Vem de novo Cantar teu fado!
Carminda Durão Machado
2 comentários:
Lindíssimo.
Por uma pesquisa casual encontrei o relato deste "dia triste" que fizeste no ano passado. Não tinha lido nunca nenhum testemunho de alguém que vivia ali.
Lisboa fez-me chorar
Mil novecentos e oitenta e oito
A vinte cinco de Agosto
Perdemos todos um pouco
Sofreu Lisboa um desgosto
A parte mais importante
De encanto e comercial
Foi destruida p'lo fogo
Que fez chorar Portugal
Ai essa rua do Carmo
Jamais voltará a ter
O encanto natural
Que o fogo lhe fez perder
Rua Garrett quem diria
Que um dia te via assim
Eu vi o Camões chorar
Podes crer que foi por ti
Ao cimo da rua Garrett
Ouvi um soluçar rouco
Era a Brasileira chorando
Por viver num mundo louco
Rua nova do Almada
Braço esquerdo do Chiado
Ouvi a velhinha calçada
Chorar baixinho o seu fado
O Bairro Alto pressentiu
O que se estava a passar
Pegou na guitarra e fugiu
P'rá Mouraria a chorar
Mouraria pôs o xaile
E como louca correndo
Foi direitinha ao Castelo
Sem crer no que estava vendo
E eu olhei e vi o Marquês
Tristonho e angustiado
Por lhe terem destruido
O Pombalino Chiado
D. José lá mais em baixo
Dizia nesse momento
Mais ruinas para Lisboa
Juntar ás do seu Convento
Os pombinhos do Rossio
Com grande emoção sentida
Voaram rente ao Chiado
Num adeus de despedida
Até o nosso turista
Não resistiu e chorou
Por ver a desolação
Em que Lisboa ficou
O Tejo tão revoltado
Por ver Lisboa chorar
Afogou o seu desgosto
Nas verdes ondas do mar
E até o Cristo Rei
Mudou sua penitência
Ergueu os braços aos céus
Pedindo a Deus clemência
Todos perdemos um pouco
Neste fogo abrasador
Não houve olhar português
Que não chorasse de dor
Destruiu postos de emprego
Destruiu tanta beleza
Feriu a sensibilidade
Desta gente portuguesa
Lisboa ficou de luto
Já a saudade domina
P'la perda irreparavel
Desta Baixa Pombalina.
Abraço da Rosa
Os poetas se manifestam
Enviar um comentário