Mas, essa sucessão foi mais lenta do que pensámos, tendo de nos deslocar do parque de estacionamento até ao local da compra dos bilhetes em carrinhas fretadas para o efeito. A fila era longa na bilheteira, e tinha de ser feita individualmente, para que pudessem colocar a pulseira que nos daria livre acesso ao recinto do festival e ao parque de campismo organizado para o efeito. O caminho de volta teve de ser feito a pé, pois as carrinhas deixaram de fazer serviço aquela hora. O mais custoso foi mesmo ter de carregar com as tralhas todas às costas desde o parque de estacionamento até ao local onde iríamos montar a tenda, isto por terrenos completamente cheios de pó.
A montagem da tenda também foi engraçada, pois foi feita completamente na escuridão… é preciso ter perícia para saber fazê-lo, mas nós conseguimos.
Assim que chegamos aos concertos que começaram à uma da manhã, deixamos o cansaço lá fora e libertamos de dentro de nós uma energia positiva que emanava na atmosfera das tendas onde os concertos decorriam. A música era sempre animada e o pessoal vibrava em voltas e reviravoltas num ambiente super descontraído, sucedendo-se as rodas e os comboios de pessoas agarradas, circulando em grande velocidade pelo espaço em grande euforia e algazarra. Depois de começar a dançar o difícil é mesmo parar… de maneira que as horas se sucederam quase sem darmos por isso. Mas, o problema é que as actividades começavam às 9h da manhã e era precisa estar fresca para elas. Na verdade, fresca é mesmo o termo, pois o banho (comunitário num barracão algo improvisado) não tinha água quente, levando-me a dar uns belos de uns gritos logo pela manhã. Foi tal a emenda que não voltei a repetir…O maior inimigo era mesmo o pó que se agarrava aos pés descalços e se entranhava em todos os poros do nosso corpo, como uma segunda pele. Por mais que lavássemos a sujidade não saía… Mas, enfim são contrariedades, nem tudo foi perfeito em termos de condições logísticas.
Os workshops de dança sucederam-se durante todo o dia. Eu fazia os possíveis por ir experimentando os vários estilos conforme os meus gostos, entrando e saindo das tendas durante o decorrer dos mesmos. Apesar de ter gostado de quase todas as danças, apreciei bastante as danças andinas, por terem algo de latino e tribal, as danças cabo-verdianas, também com uma fusão tribal, e algumas danças de roda europeias, como eram as húngaras.
A sessão do Ioga do Riso de que sou fã levou-me quase a ficar sem voz, de tanto rir e o mais giro, conseguiu atingir o seu objectivo entre o grupo em que me encontrava, pois levamos o resto do fim de semana a praticar alguns dos exercícios realizados no workshop. Rir, dizem é o melhor remédio e nesse aspecto acho que vim mais feliz para casa, mais preenchida e com maior libertação de endorfinas, pois nessas sessões, as pessoas despem-se mesmo de preconceitos e de inibições e situam-se num patamar onde as diferenças se anulam. Somos todos doidos, ok, mas às vezes sabe bem ser doido!
E assim se passou um fim-de-semana com muita folia, boa disposição, alguns momentos de introspecção (porque também fazem falta), embora as pernas e os músculos tenham ficado muito doridos, mas como cantava o António Variações «quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga».
2 comentários:
Certamente ficaste a saber que há por aí muitos bailes para atenuar a nostalgia de um Andanças que torna a regressar.
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