Ao filmar uma outra cultura, uma outra sociedade, o realizador do filme etnográfico, tal como o antropólogo, invade um espaço que não é o seu. Essa situação coloca-lhe riscos, na medida, em que é através do seu “olhar” que a audiência vai compreender essa mesma cultura. A objectividade científica em Antropologia, tem sido de certa forma, contestada exactamente por essas questões inerentes à alteridade. Em primeiro lugar, o antropólogo/realizador é sempre um estranho, que traz consigo padrões culturais bem definidos, por outro lado, destabiliza e cria reacções novas, a partir do momento em que faz impor a sua presença.
Os problemas do etnocentrismo são outro aspecto a analisar, isto porque é difícil analisar o “outro” que é diferente de mim, das minhas maneiras de ser e crer e construir um modelo representativo daquele contexto cultural e transmiti-lo como único e verdadeiro, quando essa verdade depende da minha forma de “olhar”.
Se esta tem sido uma dificuldade sentida pelos Antropólogos em geral, que passam longas estadias entre povos que desconhecem, com o intuito de elaborar monografias escritas, mais sério se torna a nível da Antropologia Visual ao contrário do que se possa pensar.
Ao documentar uma cena em profundidade, o realizador tem a responsabilidade de seleccionar as imagens que lhe parecem mais significativas e que revelam melhor o sentido da cultura abordada.
Assim, ainda que o cineasta do filme etnográfico tenha de escolher as suas imagens, com o mesmo cuidado com que um etnógrafo escolhe as suas palavras num livro de notas, a forma como as imagens são montadas podem produzir resultados mais ambíguos.
Como o defende David MacDougal, a nossa relação como espectadores à narrativa do documentário é mais complexa do que em ficção, já que não lidamos com produtos da imaginação, mas com seres humanos encontrados por um realizador que coexiste com eles historicamente e que nos descreve com base na sua experiência. Por outro lado, o simples facto do filme etnográfico ser dirigido a uma audiência pública mais vasta do que a da literatura antropológica, podendo ser visionado na televisão, em vídeo e noutros meios de circulação, aumenta os riscos da subjectividade.
A partir do momento em que o realizador está entre a sua própria cultura e outra, assumindo o papel de mediador, a função deste é elaborar uma sequencialidade de imagens que estendam a sua compreensão para uma audiência que tem apenas o filme como fonte. É a partir do seu entendimento que influenciará também o nosso “modo de ver”.
Esta tem sido uma questão sempre actual ao longo dos anos, polémica e controversa, que tem fascinado vários cineastas e suscitado várias perspectivas de entendimento: deve ou não o realizador ter um papel activo na construção do seu próprio filme, ou deve apenas registar o que se passa diante da câmara com a máxima objectividade?
Na minha perspectiva, esta é uma questão que, apesar de pertinente acaba por não ter uma resposta definida, porque como tinha referido, a objectividade pura em Antropologia, ou no modo como vemos os outros, é sempre algo questionável. Depende sempre do modo como cada um de nós visualiza os “outros” e o seu mundo.
O modo como eu analiso uma sociedade, enquanto antropóloga não será de certo o mesmo que outro colega de profissão, porque não existem fórmulas certas.
Os problemas do etnocentrismo são outro aspecto a analisar, isto porque é difícil analisar o “outro” que é diferente de mim, das minhas maneiras de ser e crer e construir um modelo representativo daquele contexto cultural e transmiti-lo como único e verdadeiro, quando essa verdade depende da minha forma de “olhar”.
Se esta tem sido uma dificuldade sentida pelos Antropólogos em geral, que passam longas estadias entre povos que desconhecem, com o intuito de elaborar monografias escritas, mais sério se torna a nível da Antropologia Visual ao contrário do que se possa pensar.
Ao documentar uma cena em profundidade, o realizador tem a responsabilidade de seleccionar as imagens que lhe parecem mais significativas e que revelam melhor o sentido da cultura abordada.
Assim, ainda que o cineasta do filme etnográfico tenha de escolher as suas imagens, com o mesmo cuidado com que um etnógrafo escolhe as suas palavras num livro de notas, a forma como as imagens são montadas podem produzir resultados mais ambíguos.
Como o defende David MacDougal, a nossa relação como espectadores à narrativa do documentário é mais complexa do que em ficção, já que não lidamos com produtos da imaginação, mas com seres humanos encontrados por um realizador que coexiste com eles historicamente e que nos descreve com base na sua experiência. Por outro lado, o simples facto do filme etnográfico ser dirigido a uma audiência pública mais vasta do que a da literatura antropológica, podendo ser visionado na televisão, em vídeo e noutros meios de circulação, aumenta os riscos da subjectividade.
A partir do momento em que o realizador está entre a sua própria cultura e outra, assumindo o papel de mediador, a função deste é elaborar uma sequencialidade de imagens que estendam a sua compreensão para uma audiência que tem apenas o filme como fonte. É a partir do seu entendimento que influenciará também o nosso “modo de ver”.
Esta tem sido uma questão sempre actual ao longo dos anos, polémica e controversa, que tem fascinado vários cineastas e suscitado várias perspectivas de entendimento: deve ou não o realizador ter um papel activo na construção do seu próprio filme, ou deve apenas registar o que se passa diante da câmara com a máxima objectividade?
Na minha perspectiva, esta é uma questão que, apesar de pertinente acaba por não ter uma resposta definida, porque como tinha referido, a objectividade pura em Antropologia, ou no modo como vemos os outros, é sempre algo questionável. Depende sempre do modo como cada um de nós visualiza os “outros” e o seu mundo.
O modo como eu analiso uma sociedade, enquanto antropóloga não será de certo o mesmo que outro colega de profissão, porque não existem fórmulas certas.
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