Depois do dia de S. Valentim trago-vos uma história ficcionada de uma noite que tinha tudo para ser romântica…
Isabel mexeu a panela e levou aos lábios a colher de pau para saborear a sopa de creme de espargos. «Estava quase no ponto!», pensou, enquanto acrescentava mais uns condimentos. Num outro tacho preparava já a «Pescada no Maracujá», conforme lera no livro de receitas. O cheiro na cozinha tornava-se exótico confundindo-se as fortes fragrâncias que pairavam no ar. Faltava só fazer as bananas quentes, com uns bons requintes de malvadez e depois era só ligar ao Miguel, o seu colega designer com quem trabalhava no atelier.
Isabel estava decidida a inventar qualquer desculpa para o atrair a casa, ele de certo que viria a correr. Já se declarara a ele noutras circunstâncias, mas ele sempre resistiu. Desta vez, havia de ser diferente, quando ele provasse aquelas deliciosas iguarias, repletas de pós de perlimpimpim, de ervas aromáticas e condimentos afrodisíacos, não haveria maneira de lhe resistir, até porque ela não era mulher de desistir quando estava interessada em alguém. Por outro lado, tinha a renda do apartamento, que dividia com uma colega que não suportava, novamente em atraso… precisava desesperadamente de convencer o Miguel que era a mulher da vida dele, decerto que com a ajuda daquelas receitas e da reza que mandara fazer na vidente que visitava regularmente, tudo se havia de resolver. Não tardaria estaria a viver com o Miguel e a vida dela iria organizar-se…ia ser canja desta vez.
Quando acabou as lides na cozinha, enfeitou e perfumou toda a casa, com velas e incensos apropriadas à ocasião. Depois ligou ao Miguel.
O jantar decorreu serenamente, com um ambiente muito romântico e inebriante e muito sugestivo aos rituais amorosos. Miguel gostou tanto dos pratos confeccionados por Isabel que repetiu duas vezes cada um. Sentia-se invadido por uma certa excitação que não conseguia controlar.
Após o jantar, Isabel aproximou-se dele como uma serpente odalisca e enfeitiçou-o com as suas palavras de sedução. Beijou-o suavemente, depois com maior intensidade e num piscar de olhos estavam enlaçados e quase nus.
Miguel sentia-se tonto com tudo aquilo, paralisado por uma sensação etérea desconhecida. Mas, aos poucos, conforme a cadência dos corpos se ia tornando mais compassada, Miguel não aguentou mais. Levantou-se do sofá e meio a cambalear dirigiu-se aos lavabos. Suava desmesuradamente, estava branco como a cal, sentia que todas as suas entranhas pareciam explodir numa turbulência feroz. Estremecia de cólicas e de dor.
Isabel desconhecia que Miguel era alérgico ao açafrão, e aos espargos, o que combinado com o maracujá tinha feito uma mistura explosiva. Apesar das consequências não serem graves, o objectivo de Isabel não tinha sido realizado, a receita do amor falhara por completo. Como iria ela adivinhar que o Miguel fosse alérgico à comida afrodisíaca?…
Isabel mexeu a panela e levou aos lábios a colher de pau para saborear a sopa de creme de espargos. «Estava quase no ponto!», pensou, enquanto acrescentava mais uns condimentos. Num outro tacho preparava já a «Pescada no Maracujá», conforme lera no livro de receitas. O cheiro na cozinha tornava-se exótico confundindo-se as fortes fragrâncias que pairavam no ar. Faltava só fazer as bananas quentes, com uns bons requintes de malvadez e depois era só ligar ao Miguel, o seu colega designer com quem trabalhava no atelier.
Isabel estava decidida a inventar qualquer desculpa para o atrair a casa, ele de certo que viria a correr. Já se declarara a ele noutras circunstâncias, mas ele sempre resistiu. Desta vez, havia de ser diferente, quando ele provasse aquelas deliciosas iguarias, repletas de pós de perlimpimpim, de ervas aromáticas e condimentos afrodisíacos, não haveria maneira de lhe resistir, até porque ela não era mulher de desistir quando estava interessada em alguém. Por outro lado, tinha a renda do apartamento, que dividia com uma colega que não suportava, novamente em atraso… precisava desesperadamente de convencer o Miguel que era a mulher da vida dele, decerto que com a ajuda daquelas receitas e da reza que mandara fazer na vidente que visitava regularmente, tudo se havia de resolver. Não tardaria estaria a viver com o Miguel e a vida dela iria organizar-se…ia ser canja desta vez.
Quando acabou as lides na cozinha, enfeitou e perfumou toda a casa, com velas e incensos apropriadas à ocasião. Depois ligou ao Miguel.
O jantar decorreu serenamente, com um ambiente muito romântico e inebriante e muito sugestivo aos rituais amorosos. Miguel gostou tanto dos pratos confeccionados por Isabel que repetiu duas vezes cada um. Sentia-se invadido por uma certa excitação que não conseguia controlar.
Após o jantar, Isabel aproximou-se dele como uma serpente odalisca e enfeitiçou-o com as suas palavras de sedução. Beijou-o suavemente, depois com maior intensidade e num piscar de olhos estavam enlaçados e quase nus.
Miguel sentia-se tonto com tudo aquilo, paralisado por uma sensação etérea desconhecida. Mas, aos poucos, conforme a cadência dos corpos se ia tornando mais compassada, Miguel não aguentou mais. Levantou-se do sofá e meio a cambalear dirigiu-se aos lavabos. Suava desmesuradamente, estava branco como a cal, sentia que todas as suas entranhas pareciam explodir numa turbulência feroz. Estremecia de cólicas e de dor.
Isabel desconhecia que Miguel era alérgico ao açafrão, e aos espargos, o que combinado com o maracujá tinha feito uma mistura explosiva. Apesar das consequências não serem graves, o objectivo de Isabel não tinha sido realizado, a receita do amor falhara por completo. Como iria ela adivinhar que o Miguel fosse alérgico à comida afrodisíaca?…
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