Foi sem dúvida um tempo muito bem passado, pois estes meus amigos não brincam em serviço e apresentaram um programa de festas espectacular. No primeiro dia, aproveitámos para conhecer melhor a Covilhã, no sopé da serra, e para percorrer as suas ruas e desvendar o seu património. Um dos locais que visitei e que aconselho foi o Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior. A visita foi
Relativamente ao museu já referido, este revela o património das Tinturarias da Real Fábrica de Panos, documentando a história da industrialização dos lanifícios, desde os tempos mais recuados, até aos séculos XIX e XX, caracterizando económica, social, técnica e culturalmente a Covilhã e a região da Serra da Estrela que deve o seu desenvolvimento à mono-industrialização dos lanifícios. Aí, é possível encontrar também as estruturas arquitectónicas e arqueológicas postas a descoberto na área das tinturarias oitocentistas, bem como os achados recuperados durante as intervenções arqueológicas realizadas (1986-1992) e integrados na exposição permanente e em reserva.
Além da exposição do museu, tive a oportunidade de visitar outras mais pequenas, localizadas no centro histórico da cidade, sobre a arte de conservação e restauro, e pude constatar o quão difícil é tratar obras de arte completamente destruídas ou com sérios danos, em condições de serem novamente admiradas.
Em seguida, rumamos a Belmonte, onde subimos ao castelo, percorremos as ruas sinuosas, com um suave aroma, que me recordou umas recônditas férias da minha infância. Apesar de não estar aberta, vimos também a sinagoga, a qual foi inaugurada em 1997.
O passeio nesse dia foi intenso, calcorreámos todos os recantos bonitos
De volta em volta pela serra, fomos até Seia e ao seu célebre Museu do Pão, que há tanto já ouvia falar. Confesso, que não foi grande surpresa, pois já tinha ouvido comentar que o museu é muito mais comercial do que de investigação.
As pessoas ali entram em magotes, pagam, entram e pouco interpretam do que vêem, até porque não existe um grande discurso expositivo, é como se os objectos já valessem pelo que valem… as crianças mexem em tudo, o bulício é grande e a algazarra também.
Além das salas de exposição, o museu conta ainda com um agradável bar-biblioteca, onde se pode no exterior contemplar a paisagem envolvente, um restaurante de qualidade, uma mercearia, com enchidos e pão quente, bolachas, biscoitos e outros derivados. O museu dispõe ainda de carrinhas e de um pequeno comboio que faz o transporte dos visitantes até ao centro de Seia. De tudo, o que mais gostei foi sobretudo da primeira sala, sobre o ciclo do cereal e de alguns documentos dispersos nas outras salas, fotografias e artigos de revistas dos inícios do século XX sobre a vida nos campos. Encontra-se ainda em exibição uma exposição temporária de fotografia «Mãos sobre o Pão», de Pedro Inácio. Apesar da ideia ser original, penso que as fotografias não possuem qualidade suficiente, além de que se tornam repetitivas e maçadoras.
Ao longo deste périplo pela Beira-Baixa houve tempo também para conhecer a aldeia histórica de Sortelha e o Sabugal.
Sortelha é um recanto encantador de Portugal, muito parecida com Monsanto, mas a uma escala
Por fim, uma incursão pelo Sabugal. Mais um castelo, mais um passeio pelas muralhas, mas desta vez sem a força e a coragem para subir à Torre de Menagem. O calor seco da beira começava a apertar e o cansaço já começava a fazer-se sentir.
Regressei do fim-de-semana mais preenchida e animada, como é bom às vezes ir “para fora cá dentro”… Já no comboio embalei-me na viagem, contemplei as paisagens verdejantes do Tejo, por vezes mesmo à sua beira, como sucedeu em Vila Velha da Ródão, e regressei à cidade!