terça-feira, 2 de setembro de 2008

Cruzeiro no Douro: Porto –Régua

O objectivo da minha visita ao Porto foi precisamente a realização de um cruzeiro no Douro. Há alguns anos que andava para o fazer e nunca tive oportunidade para o fazer. Tratei de tudo pela Internet, depois de ter feito longas pesquisas de cruzeiros, operadores, itinerários e preços, acabei por fazer a reserva por e-mail e fazer o pagamento através de transferência bancária. Só precisei imprimir o vocher enviado, servindo como bilhete.
Como optamos pela descida do Douro de barco, o percurso até à Régua era feito de comboio. Por esse motivo, o ponto de encontro foi pelas 8.45 na Estação de S.Bento. O comboio não era antigo como outros tempos, mas um pouco mais velho do que os actuais, fazendo algum barulho. Confesso que a primeira parte da viagem não me agradou propriamente. Estava muito cansada logo cedo, o sono ia tentando vencer-me e toldando-me a paisagem, mas a verdade, é que a linha do comboio não acompanhava o rio, tal como imaginara. A paisagem só começou a tornar-se verdadeiramente bonita, uma meia-hora antes de chegar à Régua, quando começámos a ver o rio e os socalcos do vinho de Porto. O grupo que seguia neste passeio era muito grande, cerca de 155 pessoas, só nos apercebemos disso quando o comboio parou na Régua e aquela amálgama de gente saiu invadindo as ruas.
O percurso da estação até ao cais, onde nos esperava o barco, foi curto, mas o facto de irmos em carneirada, não permitiu conhecer nada da Régua, foi sair de um lado e entrarmos noutro.
No barco, as pessoas estavam organizadas por mesas. Nós para variar ficamos na mesa dos únicos espanhóis que havia a bordo. Mas, estes ao contrário dos do grupo da Tunísia eram simpáticos e conversadores. Logo assim que partimos, o almoço começou logo a ser servido. Posso dizer que foi mesmo um grande almoço, com um saboroso creme de legumes, lombo do porco assado com arroz, batata frita e feijão verde. Para acompanhar duas maravilhosas garrafas de vinho do Douro, uma de vinho branco, outra de tinto. O vinho de grande categoria…
Quando o almoço terminou, houve muitas horas para apreciar a paisagem (cerca de 5h). Pela janela, ou mesmo na proa do navio, o verde marcava tudo quanto se via, as encostas, as árvores, as vinhas de traçado irregular, plantadas em socalco, acompanhando o percurso do rio.
No barco reinava a boa disposição, com música e animação (embora dispensasse a injecção de música dita pimba ou popular em doses exageradas e em altíssimo volume durante horas consecutivas). Os olhares viravam-se todos para o rio, um olhar de encantamento que não se cansa e não deixa de se surpreender. Cada recanto era digno de uma recordação, de uma imagem captada pela câmara digital. O rio corria sereno, brilhando no horizonte, em sintonia com o céu, parecendo prata.
Momentos de alguma agitação ocorrem na passagem das barragens de Carrapatelo (com um desnível de 35 m) e na de Crestuma (com um desnível de 14 m). A descida do barco acompanhando a descida das águas faz-se lentamente e à medida que vamos olhando para cima apercebemo-nos que estamos a descer cada vez mais, o que é impressionante. Quando chegamos à altura certa, a comporta abre-se e podemos passar a barragem. Como tudo é feito vagarosamente e com muita segurança, o processo não se torna assustador, mas mete algum respeito.
O percurso continua com paisagens bucólicas e encantadoras. Serenamente continuamos a descida até ao Porto a bom ritmo (o navio não anda propriamente devagar), vendo de quando em quando outra embarcação de cruzeiros, pescadores nas margens ou em algum barquito. Sigo na proa, com o cabelo ao vento, contemplando toda aquela paz e aquela serenidade, afastando-me do ruído e daquela música ensurdecedora e sem qualidade, que não rima com tanta beleza envolvente.
Perto das seis da tarde chegamos ao Porto. A entrada na cidade de barco é verdadeiramente bela, com as suas pontes, o seu casario triste, os seus barcos rabelos no lado de Gaia, as caves que se avistam, as gentes que enchem a Ribeira do Porto. O sol brilhava e o vento soprava com intensidade… o Porto estava com uma cor quente e alegre, contrastando com o cinzento e pardacento do dia anterior que as nossas fotografias registaram. Foi um dia inesquecível!










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