Não fiz muitos planos para esta viagem a Vigo. Limitei-me a tirar ideias do site de turismo de Vigo, a ver alguns guias sobre a Galiza, porque de Vigo não encontrei nada. Mas, entre a lista que levava, de locais possíveis a visitar, houve um que me parecia fundamental, caso as condições meteorológicas permitissem, as Ihas Ciés.
Depois de no dia anterior me ter informado sobre os horários dos barcos e o preço dos mesmos, resolvi-me mesmo a ir…
O Arquipélago das ilhas Ciés, de 433 hectares, é constituído por três ilhas, começando no sul com a ilhota de Boeiro e a ilha de San Martiño, e continua com as ilhas Monte Faro e Monteagudo, ambas unidas pela barra arenosa da praia de Rodas. Este arquipélago, que integra o Parque Nacional Marítimo Terrestre das Ilhas Atlânticas da Galiza, é banhado pela ria de Vigo de um lado, e pelo oceano Atlântico, do outro lado. No lado da ria localizam-se 9 praias, com as águas calmas e amenas, enquanto do outro lado, mais selvagem e inóspito é fustigado pelas bravas águas do Atlântico.
Ao sair pela manhã no barco, sentindo o ar fresco a bater-me na cara, pude ver Vigo com mais distância, a largueza da ria, a ponte que atravessa as duas margens e foi com satisfação que pude vislumbrar também golfinhos, que pareciam acompanhar o rasto deixado pelo barco, mergulhando consecutivamente, tornando-se o centro das atenções dos turistas a bordo.
Ao atracar no arquipélago de Ciés, tive a sensação que aquele momento seria único. Praticamente deserta, as águas de um cristalino azul turqueza intenso, a areia branca e fina, contrastando com o verde do arvoredo e melhor…quase deserta, apesar das pessoas que chegavam no barco tal como eu…pelo menos ali não teria problemas em estender a toalha sem tocar no pé do vizinho…
Caminhei, caminhei, mas por mais que andasse continuava a ter a praia praticamente só para mim, as pessoas estavam bastante espalhadas…nem queria acreditar! Parecia quase o Robinson Crusoé a chegar à ilha deserta e a explorá-la.
Naquele instante pensei: «Privilégio divino o de vir a Ciés! Sinto-me no céu neste pedaço de terra». Nunca pensei que estas ilhas fossem o paraíso…afinal nem era preciso ir a uma ilha exótica do Pacífico para ter aquela sensação idílica. Gargalhadas, êxtase dos sentidos…«Ciés me encanta!».
Enquanto me deliciava nas águas mansas, e me sentia transformar em peixe, deixava o espírito serenar…por mais que o tempo passasse acho que nunca me cansaria de estar ali na Praia de Rodas e de contemplar tudo aquilo…gostaria que aquele momento se tivesse prolongado no tempo, contudo, acho que vou cristalizá-lo para sempre na minha memória. Sempre que tiver dias tristes ou que corram menos bem…vou tentar lembrar-me que a Terra tem lugares destes!
Rematei o dia com uma visita à Casa das Artes, onde estava patente uma exposição do pintor Luis Torras do Concello, onde pude admirar os seus trabalhos a pastel. Não tive a oportunidade, como desejava de visitar o Arquivo Fotográfico Pacheco, do mesmo fotógrafo já visto no Museu do Mar de Galicia, localizado no mesmo edifício, por motivos de manutenção, o que muito lamentei, pois gostaria de conhecer melhor a obra deste fotógrafo, e a forma como o arquivo se encontrava organizado.
Ao jantar decidi provar a célebre «pulpo a feira», acompanhado de pimentos padron e uma cerveja…soberbo pitéu!
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