Realizou-se nos passados dias 22 3 23 de Janeiro na Calouste Gulbenkian este congresso internacional de promoção de leitura, a que pude estar presente no último dia.
Tratou-se de mais uma ocasião para debater e reflectir o estado da nação no que diz respeito aos hábitos de leitura e à literacia dos portugueses. Este encontro contou com a presença de individualidades vindas da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Espanha e França, com experiência na promoção e mediação da leitura.
Apresentaram-se algumas experiências de projectos desenvolvidos na promoção da leitura bastante interessantes, como aqueles desenvolvidos pela Fundacíon German Sanchez Ruiperez, em Salamanca, junto das crianças, desde os 9 meses. Projectos como estes, desde que bem estruturados e continuados ao longo do tempo têm vindo a demonstrar que podem ser úteis para o desenvolvimento de hábitos de leitura, pois as crianças ao irem à biblioteca com os pais semanalmente acabam por incorporar essa rotina no seu processo de crescimento e de aprendizagem. Por outro lado, a criança que lê antes de saber ler, ou seja que se habitua à prática de escutar contos e pequenas histórias, desenvolve a imaginação e a criatividade muito mais rapidamente. As bibliotecas são deste modo o espaço privilegiado para favorecer os primeiros contactos com o livro, vinculando este nos afectos, no jogo e na inter-relação com as outras crianças e pais.
Em Portugal esta realidade está ainda a dar passos, sobretudo no que diz respeito às bebetecas, pois, pelo menos daquilo que conheci para realizar um trabalho escolar, posso dizer não existir um projecto de fundo com actividades concertadas, e de certo sem a avaliação dos resultados em muitas das já criadas. Ainda assim, há muitas instituições que vale a pena assinalar pelo seu excelente trabalho. Duas delas são sem dúvida a Biblioteca José Saramago de Beja e a Biblioteca Municipal de Odivelas que tem vindo a desenvolver um trabalho meritório com bebés.
Falou-se neste congresso do projecto da Casa da Leitura, da Fundação Calouste Gulbenkian, das potencialidades deste site, que é um importante directório de literatura infantil, interactivo e simples de utilizar, dirigido a miúdos e graúdos. Trata-se de um notável trabalho de referência actual no que diz respeito à promoção da leitura, que seria lastimável se não tivesse continuidade.
Mas, porque este congresso foi internacional, foram abordadas diferentes perspectivas e por isso, referiram-se experiências de todo o género, desde as mais produzidas e meticulosas, às mais simples e quase espontâneas, como alguns dos projectos de promoção de leitura realizados no Brasil, onde 95 milhões são leitores e 77 milhões não lêem.
Galeno Amorim trouxe-nos um curioso retrato de leitura no Brasil, onde ainda existe uma elevada percentagem de população analfabeta e sem acesso a escolaridade, onde tanta gente vive em áreas geográficas de enorme isolamento. Talvez por esses motivos, os projectos que ele apresentou tivessem tido o impacto que tiveram entre os participantes do congresso. Assim, Galeno Amorim, trouxe-nos imagens de mini bibliotecas de campo, bastante rudimentares e sem praticamente condições logísticas, onde 12 mil agentes de leitura distribuem livros e falam dos mesmos. Falou-nos de barcos –biblioteca, em que as pessoas durante a travessia diária podem ter tempo para ler e onde existem 2 a 3 h de actividade com leitura. Mostrou imagens de uma “borrachateca”, onde o proprietário do stand além de vender pneus oferece ou empresta livros aos seus clientes; de uma biblioteca que funciona 24 h por dia, no quintal de uma casa particular num subúrbio, onde o dono está sempre disponível para emprestar livros a qualquer hora do dia ou da noite; falou-nos de bibliotecas em feiras livres; de bibliotecas em talhos, e até de “bibliojegue” que em português de Portugal, seria uma “biblioburro”, pois os livros são transportados num burro, numa pequena localidade do interior brasileiro; assim como bibliotecas em paragens de autocarro.
Estas experiências parecem-nos bizarras e até algo estranhas ao olhar do europeu, mas a verdade é que são estes pequenos gestos que resultam e que vão ao encontro da necessidade das pessoas, criando hábitos que podem mudar a vida de cada um.
Como o afirmou António Prole, a leitura é cada vez mais central nas nossas vidas, pois sem ela, a massa de informação que se produz desmesuradamente não se transformará em conhecimento. E isso, sim agravará a deflação e a crise acentuada em que vivemos. A leitura tem assim um contributo a dar que transcende o simples deleite da literatura, os mundos que ela pode dar, a viagem que ela nos permite. É através dela que lemos o mundo e o compreendemos, que crescemos como pessoas e desenvolvemos capacidades de literacia, fundamentais para nos movermos na nova Era da informação.
Tratou-se de mais uma ocasião para debater e reflectir o estado da nação no que diz respeito aos hábitos de leitura e à literacia dos portugueses. Este encontro contou com a presença de individualidades vindas da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Espanha e França, com experiência na promoção e mediação da leitura.
Apresentaram-se algumas experiências de projectos desenvolvidos na promoção da leitura bastante interessantes, como aqueles desenvolvidos pela Fundacíon German Sanchez Ruiperez, em Salamanca, junto das crianças, desde os 9 meses. Projectos como estes, desde que bem estruturados e continuados ao longo do tempo têm vindo a demonstrar que podem ser úteis para o desenvolvimento de hábitos de leitura, pois as crianças ao irem à biblioteca com os pais semanalmente acabam por incorporar essa rotina no seu processo de crescimento e de aprendizagem. Por outro lado, a criança que lê antes de saber ler, ou seja que se habitua à prática de escutar contos e pequenas histórias, desenvolve a imaginação e a criatividade muito mais rapidamente. As bibliotecas são deste modo o espaço privilegiado para favorecer os primeiros contactos com o livro, vinculando este nos afectos, no jogo e na inter-relação com as outras crianças e pais.
Em Portugal esta realidade está ainda a dar passos, sobretudo no que diz respeito às bebetecas, pois, pelo menos daquilo que conheci para realizar um trabalho escolar, posso dizer não existir um projecto de fundo com actividades concertadas, e de certo sem a avaliação dos resultados em muitas das já criadas. Ainda assim, há muitas instituições que vale a pena assinalar pelo seu excelente trabalho. Duas delas são sem dúvida a Biblioteca José Saramago de Beja e a Biblioteca Municipal de Odivelas que tem vindo a desenvolver um trabalho meritório com bebés.
Falou-se neste congresso do projecto da Casa da Leitura, da Fundação Calouste Gulbenkian, das potencialidades deste site, que é um importante directório de literatura infantil, interactivo e simples de utilizar, dirigido a miúdos e graúdos. Trata-se de um notável trabalho de referência actual no que diz respeito à promoção da leitura, que seria lastimável se não tivesse continuidade.
Mas, porque este congresso foi internacional, foram abordadas diferentes perspectivas e por isso, referiram-se experiências de todo o género, desde as mais produzidas e meticulosas, às mais simples e quase espontâneas, como alguns dos projectos de promoção de leitura realizados no Brasil, onde 95 milhões são leitores e 77 milhões não lêem.
Galeno Amorim trouxe-nos um curioso retrato de leitura no Brasil, onde ainda existe uma elevada percentagem de população analfabeta e sem acesso a escolaridade, onde tanta gente vive em áreas geográficas de enorme isolamento. Talvez por esses motivos, os projectos que ele apresentou tivessem tido o impacto que tiveram entre os participantes do congresso. Assim, Galeno Amorim, trouxe-nos imagens de mini bibliotecas de campo, bastante rudimentares e sem praticamente condições logísticas, onde 12 mil agentes de leitura distribuem livros e falam dos mesmos. Falou-nos de barcos –biblioteca, em que as pessoas durante a travessia diária podem ter tempo para ler e onde existem 2 a 3 h de actividade com leitura. Mostrou imagens de uma “borrachateca”, onde o proprietário do stand além de vender pneus oferece ou empresta livros aos seus clientes; de uma biblioteca que funciona 24 h por dia, no quintal de uma casa particular num subúrbio, onde o dono está sempre disponível para emprestar livros a qualquer hora do dia ou da noite; falou-nos de bibliotecas em feiras livres; de bibliotecas em talhos, e até de “bibliojegue” que em português de Portugal, seria uma “biblioburro”, pois os livros são transportados num burro, numa pequena localidade do interior brasileiro; assim como bibliotecas em paragens de autocarro.
Estas experiências parecem-nos bizarras e até algo estranhas ao olhar do europeu, mas a verdade é que são estes pequenos gestos que resultam e que vão ao encontro da necessidade das pessoas, criando hábitos que podem mudar a vida de cada um.
Como o afirmou António Prole, a leitura é cada vez mais central nas nossas vidas, pois sem ela, a massa de informação que se produz desmesuradamente não se transformará em conhecimento. E isso, sim agravará a deflação e a crise acentuada em que vivemos. A leitura tem assim um contributo a dar que transcende o simples deleite da literatura, os mundos que ela pode dar, a viagem que ela nos permite. É através dela que lemos o mundo e o compreendemos, que crescemos como pessoas e desenvolvemos capacidades de literacia, fundamentais para nos movermos na nova Era da informação.
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