Em Creta optámos por não fazer
nenhuma excursão. A única oferta que a agência, que nos estava a apoiar na viagem,
possuía era ao Palácio de Knossos e apesar termos interesse para visitar,
achámos que os 70€ que nos estavam a pedir para ir ao museu e voltar era
excessivo. Alegaram que em alternativa tentássemos arranjar mais duas pessoas e
fôssemos de táxi, o que seria provavelmente em média 80€. Decidimos que quando
desembarcássemos no porto da cidade de Heraklion, em Creta, logo veríamos o que
fazer, pois este parecia demasiado longe do centro e talvez no porto nos
indicassem um autocarro para a baixa ou na melhor das hipóteses nos indicassem
um transporte que nos levasse a Knossos por um preço bem razoável.
A poucos metros do porto
encontrámos logo um autocarro turístico de dois andares, que permitia ver as
vistas da cidade e principais pontos atrativos, entre os quais o Palácio de
Knossos, levando cerca de 20 a 30 minutos o percurso até lá, por apenas 15€.
Não pensámos duas vezes, o tempo em Creta era escasso e era preciso
rentabilizar a nossa estadia, aproveitando para percorrer o centro de autocarro
e ir até ao Palácio, juntando-nos a outro grupo do nosso cruzeiro, oriundos de Roma,
que também teve essa ideia inteligente de optar por um transporte mais barato.
Enquanto fazíamos o percurso de
autocarro, fomos vendo uma cidade adormecida, sem gente, nem movimento, o que
se justificava por ser domingo, às 8 horas da manhã, permitindo-nos chegar rapidamente
ao destino pretendido. Por outro lado, o facto de termos feito um passeio
panorâmico em Heraklion fez-nos perceber que as vistas daquela cidade não eram muito
atraentes, o que me desiludiu um pouco, pois esperava que fosse mais bonita.
Chegadas ao Palácio de Knossos pudemos
contactar com uma história perdida no tempo, vendo os vestígios do seu edificado
e de alguns dos seus frescos, revelados através de escavações arqueológicas nos
inícios do séc. XX. Sabe-se que neste local foi construído o primeiro Palácio
de Knossos aproximadamente em 1900 a. C. , tendo sido destruído por um sismo
cerca de 1700 a. C., que foi posteriormente reconstruído. As ruínas que hoje é
possível observar neste espaço museológico são quase todas deste segundo
palácio.
Segundo a história, Knossos era a
capital da Creta Minóica e este era o maior e o mais sumptuoso palácio da ilha,
com mais de 1000 quartos, com muitas comodidades, com sistema de drenagem,
autoclismos, estradas. Diz o mito que o palácio possuía no seu subterrâneo um
intricado labirinto destinado a prender o Minotauro, representado por um meio-touro,
morto por Teseu. Entre os vários pontos de atração do palácio, destacam-se o
fresco do Sacerdote do Rei e a Sala do Trono - que pode ter servido de
santuário, possuindo um trono de pedra original e um fresco com grifos, animais
sagrados no tempo dos minóicos.
Enquanto percorríamos os vários
espaços do palácio, apercebemo-nos que no recinto só poderia fazer visita
guiada, apenas os guias credenciados, acumulando-se as pessoas umas em cima das
outras para ouvir as suas explicações.
O tempo para visitar o museu foi
perfeito para podermos apanhar de novo o autocarro que nos levou até ao
cruzeiro, atracado em Heraklion. Com um período de tempo tão limitado, é sempre
arriscado andar por conta própria, sobretudo quando o barco tem hora marcada
para sair, mas felizmente deu tempo para tudo e no horário certo o cruzeiro zarpou
para Santorini.
A tarde correu num ápice e quando
demos por isso, aproximávamo-nos de Santorini, uma ilha imponente, vulcânica,
em forma de crescente com arribas altas e escarpadas. Ao olhá-la de longe, ainda
do barco, faz-nos sentir pequenos, vendo em cima as casas brancas, abobadadas, empoleiradas
nas falésias de Firá, adornadas com tons de azul turquesa, as estradas em
ziguezague que prometem vertigens, a rudeza selvagem das falésias que se erguem
a pique e o minúsculo porto de Skala Firón, 270 metros abaixo de Firá.
Chegámos ao pequeno porto de
lancha, os cruzeiros ficam sempre atracados longe da ilha. Esperava-nos uma
subida dramática de autocarro, em estradas de curvas apertadas e cirúrgicas,
com uma vista que alcança o céu e abraça o mar, imprópria para quem tem medo
das alturas, como eu. Mas cada lance de estrada que se sobe promete mais, e
naquele compasso de tempo, autocarros sobem e descem lado a lado, em duplo
sentido. Os motoristas são os verdadeiros heróis naquela missão quase
impossível.
Chegados a Firá, a viagem de
olhos fechados até ao topo justifica-se. Ali, na ilha que há quem acredite ser
o antigo reino da Atlântida, encontramo-nos na caldeira do vulcão e no meio de
tanta gente que percorre as ruelas sinuosas, a paisagem impõe-se vendo o mar imenso
que se estende à nossa frente, o nosso cruzeiro lá bem longe, parece um ponto
pequeno no firmamento, e sob a encosta as casas que se apinham e se sobrepõem
com os seus terraços, transformados agora em spas e hotéis, com piscinas e
jacuzzis de tirar a respiração. Santorini, pintada de branco, com pormenores em
azul, combina com o azul do céu e do mar, e o rosa forte das buganvílias que
pendem de janelas, terraços e varandas fazem o cenário perfeito para as
fotografias dos turistas, que nunca são demais, lindas que são as vistas.
Em Santorini apenas deambulámos
pela cidade de Firá, absorvendo a paisagem e aproveitando para comprar alguns
souvernirs. Mais uma vez o tempo era limitado e por isso houve que aproveitar
para o deleite dos olhos. Dizem que Santorini é famosa por ter o pôr-do-sol
mais bonito da Grécia, mas naquele fim de tarde de domingo, o sol pôs-se
envolto num manto de névoa, não nos brindando com a sua beleza estonteante.
Ainda assim, foi verdadeiramente um bom momento ter conhecido esta ilha, mais um sonho realizado na longa lista de sítios a visitar.
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