terça-feira, 7 de agosto de 2018

À Descoberta da Grécia


Atenas
Despontavam os primeiros raios de sol quando aterrámos em Atenas. Saindo do avião deparei com um clima quente e seco e uma temperatura já bastante elevada para aquela hora da manhã. Os portugueses que desembarcavam vinham trôpegos de sono e de cansaço, incluindo eu que não dormira nada nas cerca de quatro horas de viagem, feita a bordo da Aergan Airlines.
À nossa espera tínhamos uma representante da empresa turística Star Hellenic, que representaria a Agência Abreu, a quem comprámos a viagem na Grécia. Ana Maria, era o nome da senhora brasileira que nos recebeu, tendo facilitado os primeiros contactos com uma terra, de que não compreendíamos a língua, nem o alfabeto, tendo-nos acompanhado durante o percurso do transfer do aeroporto até ao Hotel President.
Por ser ainda muito cedo, não foi possível dispor de quarto para nos alojarmos e por isso fomos conduzidos ao pequeno-almoço. Depois teríamos o dia por nossa conta, um dia para atravessar Atenas de lés a lés e descobrir as singularidades da cidade, provavelmente mais antiga da Europa. Acompanhada pela minha irmã, que é professora de História, um dos objetivos em Atenas era descobrir o seu património e compreender o local que foi o berço da civilização.
Procurámos perceber por onde havíamos de começar, pois estávamos bastante longe do centro da cidade e de acordo com as nossas preferências de visita, decidimos começar pelo Museu Nacional de Arqueologia, que era o que ficava localizado mais proximamente.
Senti-me a arrastar os passos, numa cidade que acordava com estridência e movimento, sucedendo-se as inumeráveis motas, de condutores sem capacete, as buzinas e a falta de regras de trânsito. Faltava-me uma noite bem dormida e toda aquela agitação das ruas fazia-me lembrar o ritmo das cidades árabes, repletas de frenesim e de ruído.

Chegada ao Museu de Arqueologia senti-me assoberbada com tanta informação, tanta história e tanta riqueza cultural, sendo o museu com a maior coleção do mundo de arte grega. Sem dúvida que necessitava de uma dose extra de café para poder reter tanta informação…
E assim, de sala em sala, fui descobrindo inúmeras estátuas incluindo a obra-prima, em bronze, «O Pequeno Jockey», do séc. II a. C., as espetaculares esculturas de Afrodite, Poseídon, Athena, e tantas outras detalhadamente bem concebidas; os tesouros de Micenas, onde se destaca a máscara de ouro com a cara de Agamémnon, entre variadíssimas outras manifestações da história cultural da Grécia.




Este museu é obrigatoriamente um ponto importante a visitar numa deslocação a Atenas, contudo, devido ao cansaço da manhã, acabámos por selecionar o que pretendíamos ver, pois é extremamente grande e leva bastante tempo a visitar.
Ao sair do museu era urgente passar por um estabelecimento e tomar um café…mas com aquele calor, o melhor a fazer era mesmo imitar o que víamos os atenienses a fazer pelas ruas, e beber um café freddo, com gelo, para poder beber em andamento. Sem dúvida que fez sentir os seus efeitos energéticos pois, foi a forma de seguirmos viagem e nos embrenharmos nas ruas do centro de Atenas, sem aquele torpor que nos estava a impedir a marcha. À medida que íamos descobrindo as ruas, pude vislumbrar passado pouco tempo, no alto da encosta a primeira aparição do Partenón… e a reação foi um pouco parecida com a que tive ao ver a Torre Eiffel pela primeira vez… O entusiasmo agora era outro, sim era verdade… estava mesmo em Atenas... a ver o seu maior monumento nacional.
Deambulamos pelas ruas até nos embrenharmos nas ruas de Athinas e Eolou, situadas entre Monastiraki e a Praça Omonia, onde nos deparámos com um bazar oriental, repleto de lojas, à semelhança dos mercados do Médio Oriente, com as mais variadas especiarias e sementes, frutos secos, ervas aromáticas, legumes, mercados de carne e de peixe, uma autêntica profusão de cor e de cheiros. A par deste tipo de bancadas, outras lojas se misturavam, de objetos usados e antiguidades, sobrepondo-se num denso aglomerado excessivo de quinquilharia, que dificultava a passagem e ofuscava a visão com tanta parafernália.    




O almoço foi num simpático restaurante em Monastiraki, onde pude provar a bendita Mousaka feita na Grécia, um apetitoso prato feito com carne picada e beringelas. Ao almoço retemperaram-se as forças, arrefeceu-se o corpo com o ar condicionado do restaurante e nutriu-se o estômago com os sabores Gregos.
A seguir, percorremos mais algumas ruas de Monastiraki, nome que se deve à existência de um mosteiro, onde se encontram muitas lojas repletas de souvenirs gregos, e até algumas de antiguidades. É nesta zona que se realiza aos domingos uma feira da Ladra.


 Monastiraki
Dirigimo-nos para a Ágora Antiga, outro ponto turístico obrigatório para quem vista Atenas. Este local, escavado nos anos 30 do séc. XX, revela uma complexa série de edifícios públicos e templos. Este era o local onde a democracia era vivida, o centro religioso e político da Atenas Antiga, o centro da vida comercial e quotidiana das suas gentes. É impressionante o estado de conservação da fachada do Hephaisteion, um templo dedicado a Hefesto.

 Hephaisteion

O calor da tarde apertou, a quebra de tensão estava iminente, por isso havia que fazer uma pequena pausa e prosseguir. O passo seguinte foi assistir ao render da guarda que se realiza de hora a hora na Praça Sintagma, junto ao edifício do Parlamento.
Trata-se de uma cerimónia algo caricata, onde os Evzones, com uns trajos coloridos e quentes, aguentam estoicamente em pé, durante os 60 minutos, sendo substituídos por outros que chegam para os render. Os gestos são lentos, a marcha ritualizada e depois dos primeiros minutos confesso que perdi um pouco o entusiasmo, pois estava à espera de uma coisa diferente. Durante a minha estadia em Atenas, sempre que percorria esta praça, lá estavam eles repetindo continuamente aqueles passos arrastados e sincronizados.




Após esta exibição, demos por fim às visitas e continuámos a caminhar em direção ao hotel. A jornada foi longa e ainda nos esperaram muitos quilómetros até encontrar o President… não imaginávamos que estávamos tão longe e como não conhecíamos bem a cidade e os seus transportes, decidimos seguir o mapa e continuar a andar, embora cada vez mais cansadas… Foi um dia em Atenas para principiantes, mas que se revelou muito repleto de atrações interessantes. O dia terminou com um belo pôr-do-sol no terraço do Hotel, onde se via Atenas inteira, instalada entre vales e colinas, com as montanhas a envolver o seu suave anoitecer. Havia que repor energias, o dia seguinte seria para seguir viagem em alto mar.

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