Atenas
Despontavam os primeiros raios de
sol quando aterrámos em Atenas. Saindo do avião deparei com um clima quente e
seco e uma temperatura já bastante elevada para aquela hora da manhã. Os
portugueses que desembarcavam vinham trôpegos de sono e de cansaço, incluindo
eu que não dormira nada nas cerca de quatro horas de viagem, feita a bordo da
Aergan Airlines.
À nossa espera tínhamos uma
representante da empresa turística Star Hellenic, que representaria a Agência
Abreu, a quem comprámos a viagem na Grécia. Ana Maria, era o nome da senhora brasileira
que nos recebeu, tendo facilitado os primeiros contactos com uma terra, de que
não compreendíamos a língua, nem o alfabeto, tendo-nos acompanhado durante o
percurso do transfer do aeroporto até ao Hotel President.
Por ser ainda muito cedo, não foi
possível dispor de quarto para nos alojarmos e por isso fomos conduzidos ao
pequeno-almoço. Depois teríamos o dia por nossa conta, um dia para atravessar
Atenas de lés a lés e descobrir as singularidades da cidade, provavelmente mais
antiga da Europa. Acompanhada pela minha irmã, que é professora de História, um
dos objetivos em Atenas era descobrir o seu património e compreender o local
que foi o berço da civilização.
Procurámos perceber por onde
havíamos de começar, pois estávamos bastante longe do centro da cidade e de
acordo com as nossas preferências de visita, decidimos começar pelo Museu
Nacional de Arqueologia, que era o que ficava localizado mais proximamente.
Senti-me a arrastar os passos,
numa cidade que acordava com estridência e movimento, sucedendo-se as
inumeráveis motas, de condutores sem capacete, as buzinas e a falta de regras
de trânsito. Faltava-me uma noite bem dormida e toda aquela agitação das ruas
fazia-me lembrar o ritmo das cidades árabes, repletas de frenesim e de ruído.
Chegada ao Museu de Arqueologia
senti-me assoberbada com tanta informação, tanta história e tanta riqueza
cultural, sendo o museu com a maior coleção do mundo de arte grega. Sem dúvida
que necessitava de uma dose extra de café para poder reter tanta informação…
E assim, de sala em sala, fui descobrindo
inúmeras estátuas incluindo a obra-prima, em bronze, «O Pequeno Jockey», do
séc. II a. C., as espetaculares esculturas de Afrodite, Poseídon, Athena, e
tantas outras detalhadamente bem concebidas; os tesouros de Micenas, onde se destaca
a máscara de ouro com a cara de Agamémnon, entre variadíssimas outras
manifestações da história cultural da Grécia.
Este museu é obrigatoriamente um
ponto importante a visitar numa deslocação a Atenas, contudo, devido ao cansaço
da manhã, acabámos por selecionar o que pretendíamos ver, pois é extremamente
grande e leva bastante tempo a visitar.
Ao sair do museu era urgente
passar por um estabelecimento e tomar um café…mas com aquele calor, o melhor a
fazer era mesmo imitar o que víamos os atenienses a fazer pelas ruas, e beber
um café freddo, com gelo, para poder
beber em andamento. Sem dúvida que fez sentir os seus efeitos energéticos pois,
foi a forma de seguirmos viagem e nos embrenharmos nas ruas do centro de Atenas,
sem aquele torpor que nos estava a impedir a marcha. À medida que íamos descobrindo
as ruas, pude vislumbrar passado pouco tempo, no alto da encosta a primeira
aparição do Partenón… e a reação foi um pouco parecida com a que tive ao ver a
Torre Eiffel pela primeira vez… O entusiasmo agora era outro, sim era verdade… estava
mesmo em Atenas... a ver o seu maior monumento nacional.
Deambulamos pelas ruas até nos
embrenharmos nas ruas de Athinas e Eolou, situadas entre Monastiraki e a Praça
Omonia, onde nos deparámos com um bazar oriental, repleto de lojas, à
semelhança dos mercados do Médio Oriente, com as mais variadas especiarias e
sementes, frutos secos, ervas aromáticas, legumes, mercados de carne e de
peixe, uma autêntica profusão de cor e de cheiros. A par deste tipo de
bancadas, outras lojas se misturavam, de objetos usados e antiguidades, sobrepondo-se
num denso aglomerado excessivo de quinquilharia, que dificultava a passagem e
ofuscava a visão com tanta parafernália.
O almoço foi num simpático
restaurante em Monastiraki, onde pude provar a bendita Mousaka feita na Grécia,
um apetitoso prato feito com carne picada e beringelas. Ao almoço
retemperaram-se as forças, arrefeceu-se o corpo com o ar condicionado do
restaurante e nutriu-se o estômago com os sabores Gregos.
A seguir, percorremos mais
algumas ruas de Monastiraki, nome que se deve à existência de um mosteiro, onde
se encontram muitas lojas repletas de souvenirs gregos, e até algumas de
antiguidades. É nesta zona que se realiza aos domingos uma feira da Ladra.
Monastiraki
Dirigimo-nos para a Ágora Antiga,
outro ponto turístico obrigatório para quem vista Atenas. Este local, escavado
nos anos 30 do séc. XX, revela uma complexa série de edifícios públicos e
templos. Este era o local onde a democracia era vivida, o centro religioso e
político da Atenas Antiga, o centro da vida comercial e quotidiana das suas gentes.
É impressionante o estado de conservação da fachada do Hephaisteion, um templo
dedicado a Hefesto.
Hephaisteion
O calor da tarde apertou, a
quebra de tensão estava iminente, por isso havia que fazer uma pequena pausa e
prosseguir. O passo seguinte foi assistir ao render da guarda que se realiza de
hora a hora na Praça Sintagma, junto ao edifício do Parlamento.
Trata-se de uma cerimónia algo
caricata, onde os Evzones, com uns trajos coloridos e quentes, aguentam
estoicamente em pé, durante os 60 minutos, sendo substituídos por outros que
chegam para os render. Os gestos são lentos, a marcha ritualizada e depois dos
primeiros minutos confesso que perdi um pouco o entusiasmo, pois estava à
espera de uma coisa diferente. Durante a minha estadia em Atenas, sempre que
percorria esta praça, lá estavam eles repetindo continuamente aqueles passos
arrastados e sincronizados.
Após esta exibição, demos por fim
às visitas e continuámos a caminhar em direção ao hotel. A jornada foi longa e ainda
nos esperaram muitos quilómetros até encontrar o President… não imaginávamos
que estávamos tão longe e como não conhecíamos bem a cidade e os seus
transportes, decidimos seguir o mapa e continuar a andar, embora cada vez mais
cansadas… Foi um dia em Atenas para principiantes, mas que se revelou muito
repleto de atrações interessantes. O dia terminou com um belo pôr-do-sol no
terraço do Hotel, onde se via Atenas inteira, instalada entre vales e colinas,
com as montanhas a envolver o seu suave anoitecer. Havia que repor energias, o
dia seguinte seria para seguir viagem em alto mar.
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