Até 27 de Julho ainda é possível visitar a exposição «A consistência dos sonhos», sobre a vida e obra de José Saramago, na Galeria de Pintura do Rei D. Luís, no Palácio da Ajuda. Trata-se de um projecto da Fundação César Manrique, sedeada em Lanzarote, resultando do trabalho de investigação desenvolvido durante mais de dois anos pelo Comissário Fernando Gómez Aguilera. É uma exposição deliciosa, com arranjos muito bem concebidos, onde vemos que há um rigor e profissionalismo muito grande da parte da organização. Assim até não custa tanto saber que estão ali milhares de euros empregues...ao contrário de outras, em que o objectivo não chega a ser concretizado.
Se for, vá sem pressas, deixe-se levar por cada sala, por cada corredor e absorva um pouco da vida, como o próprio reconhece, milagrosa deste autor. De origens humildes, nascido na Azinhaga, no Ribatejo, José Saramago é a prova que não existe aquilo que se chama determinismo social e cultural, que quem nasce com poucas posses tem de ser analfabeto, pouco inteligente, mendigo ou deliquente. Apesar de não ter tido uma vida fácil na infância, conhecendo várias moradas em poucos anos, vivendo em partes de casa com outras famílias, em Lisboa, este foi um excelente aluno, tendo vindo a mostrar sempre interesse pelo conhecimento, pelas letras, pelos livros. Mais tarde, foi na Biblioteca das Galveias que procurou outras leituras e se formou enquanto leitor. Força de vontade e obstinação foram sempre o seu lema, mas a sua vida nem sempre foi fácil, tendo sido numa idade tardia que se consagrou como escritor, com obras como «Levantado do Chão», «Memorial do Convento», entre muitas outras.
Apesar de nunca ter sido o meu autor de eleição e de apenas ter lido um dos seus últimos romances «Pequenas Memórias» (sobre a sua infância), este homem desperta-me cada vez maior curiosidade, pelo que logo que possa, gostaria de conhecer melhor a sua obra e de descobri-lo melhor. Acredito que não gostarei de tudo o que escreve, ou se calhar não entenderei todas as suas metáforas, mas não há dúvidas, que merece toda a minha estima e apreço. Porque este é um país que só gosta de recolher louros, há que relembrar que este escritor galardoado com um prémio nobel, foi o mesmo que em 1993, não foi apoiado pelo governo de Cavaco Silva à candidatura ao prémio europeu da literatura, a quando da escrita do «Envangelho segundo Jesus Cristo», tendo-o levado a "exilar-se" em Lanzarote, desiludido com os governantes portugueses.
Nem que seja por curiosidade, podem crer que vale a pena ir até ao Palácio da Ajuda!!
Aspectos da Exposição
Estrutura expositiva:
Organiza-se de acordo com três grandes núcleos: A semente, O Fumo das Palavras, Passos na Penumbra, Ofício de Escritor, A voz da escrita, A condição (in)humana, são os temas do primeiro núcleo, que conta com numerosa documentação inédita referente às origens do escritor, contextualizada no Portugal do seu tempo, e segue uma linha cronológica que se estende desde 1922 até à actualidade.
Segue-se um segundo núcleo temático, A consciência do Mundo, a atribuição do Nobel, Música e Palavras, com uma selecção de peças em vários suportes, fotografias, manuscritos de adaptações teatrais e operáticas, partituras, cartazes, gravações sonoras e gravações televisivas, entre outros documentos.
No terceiro núcleo apresenta-se um conjunto documental, que inclui correspondência do autor e recensões críticas, contextualizado no universo dos livros e da literatura.
O percurso expositivo inicia-se com uma projecção de um vídeo de Charles Sandison, artista contemporâneo escocês que concebeu quatro obras especificamente para esta exposição, e conclui-se com o texto autobiográfico que Saramago escreveu para a cerimónia do Prémio Nobel na Academia Sueca.
Estão em exibição também obras plásticas que integram a colecção de José Saramago, da autoria de Antoni Tápies, Armanda Passos, Bartolomeu dos Santos, David de Almeida, Ilda Reis, José Santa-Bárbara, Júlio Pomar, Rogério Ribeiro, Sebastião Salgado e Sofia Gandarias.
No espaço dedicado à repercussão e acolhimento mundial da sua obra, estão disponibilizadas 280 traduções das obras de Saramago, em mais de 30 línguas, com recurso constante a suportes digitais e audiovisuais.
Existe ainda uma instalação com a recriação do escritório de trabalho de Saramago, com a sua mesa, a sua cadeira, a sua máquina de escrever, que utilizou desde os anos sessenta até 1989, bem como alguns objectos pessoais.
Segue-se um segundo núcleo temático, A consciência do Mundo, a atribuição do Nobel, Música e Palavras, com uma selecção de peças em vários suportes, fotografias, manuscritos de adaptações teatrais e operáticas, partituras, cartazes, gravações sonoras e gravações televisivas, entre outros documentos.
No terceiro núcleo apresenta-se um conjunto documental, que inclui correspondência do autor e recensões críticas, contextualizado no universo dos livros e da literatura.
O percurso expositivo inicia-se com uma projecção de um vídeo de Charles Sandison, artista contemporâneo escocês que concebeu quatro obras especificamente para esta exposição, e conclui-se com o texto autobiográfico que Saramago escreveu para a cerimónia do Prémio Nobel na Academia Sueca.
Estão em exibição também obras plásticas que integram a colecção de José Saramago, da autoria de Antoni Tápies, Armanda Passos, Bartolomeu dos Santos, David de Almeida, Ilda Reis, José Santa-Bárbara, Júlio Pomar, Rogério Ribeiro, Sebastião Salgado e Sofia Gandarias.
No espaço dedicado à repercussão e acolhimento mundial da sua obra, estão disponibilizadas 280 traduções das obras de Saramago, em mais de 30 línguas, com recurso constante a suportes digitais e audiovisuais.
Existe ainda uma instalação com a recriação do escritório de trabalho de Saramago, com a sua mesa, a sua cadeira, a sua máquina de escrever, que utilizou desde os anos sessenta até 1989, bem como alguns objectos pessoais.
A itinerância da exposição, prevista para Madrid e várias capitais da América Latina, começa por Portugal, competindo a sua organização conjunta a três Institutos do Ministério da Cultura: Instituto dos Museus e Conservação (IMC), Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) e Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB).
Sem comentários:
Enviar um comentário