Comemora-se a 17 de Outubro o dia Internacional da Erradicação da Pobreza. Infelizmente no nosso país, a pobreza tem-se vindo a revelar cada vez mais aos olhos de todos nós, escondendo-se muitas vezes pela vergonha e o mal-estar social que tal embaraço causa. Para tal muito tem contribuído o crescente endividamento da maior parte das famílias portuguesas, vítimas fáceis de uma sociedade cada vez mais consumista, que gera ideais de felicidade em torno dos bens materiais, e que proporciona ideias erradas em relação a créditos imediatos, sem juros.
Por esses motivos é importante que reflictamos, não só hoje mas sempre, sobre a condição precária dos que vivem em situação limite e o que podemos fazer por eles, por vezes basta um simples contributo, através de campanhas de solidariedade, ou de outras formas mais ou menos directas.
Para chamar a atenção sobre este dia estão previstas várias acções um pouco por todo o lado, no âmbito da iniciativa «Lrvanta-te» contra a pobreza, uma iniciativa da Campanha Pobreza Zero que decorre do desde as 21 horas do dia 16 de Outubro às 21 horas do dia 17, não só no nosso país, mas em todo o mundo. Espera-se que 27 000 portugueses aderiam a esta iniciativa. As actividades podem ser realizadas por quem entenda, onde quiser, basta apenas registar esse momento de manifesto na Internet para documentar o acontecimento.
No site www.pobrezazero.org/levantate há muitas mais informações sobre esta iniciativa, que visa um mundo melhor e mais justo.
O meu contributo singelo neste dia bastante simbólico é um poema que fiz em 2005 sobre os sem-abrigo. Nessa altura estava desempregada, possuía uma noção de tempo diferente, o que nos faz, às vezes, olhar para os outros com mais atenção e a reflectirmos um pouco mais na vida. No dia em que me inspirei para fazer este poema, estava frio e chovia intensamente, e ali naquela rua, completamente ensopada, havia uma mulher negra, mendiga, algo demente, que resistia, levando-me a querer que possivelmente nem saberia bem onde estava. Naquele momento, senti-me impotente e cobarde por achar que sozinha nada podia fazer para melhorar a vida daquela mulher, ao mesmo tempo, que me fez ver a minha vida de uma outra forma, como se o «copo afinal não estivesse vazio», mas apenas «meio cheio». Na verdade, há tantas pessoas a viver em condições tão deploráveis, que os nossos problemas perto dos delas quase nos parecem mesquinhos.
Mas, não podemos olhar para estas pessoas apenas com comiseração e pena, os governos e órgãos competentes têm responsabilidades nesta matéria, têm de criar condições para o desenvolvimento dos seus povos e para o travamento da mendicidade. Se não houver políticas sociais fortes que promovam a inserção destas pessoas na vida social, de pouco servirão as acções isoladas e as nossas boas acções.
Este poema é para essa mulher que vivia nas ruas perto do Camões e fazia delas a sua casa.
A minha casa é a rua!
Não tem paredes, nem janelas
Nem portas para entrar.
O meu tecto é feito de estrelas,
Onde entra o sol e a lua
Que me despertam e embalam.
Chamam-me louca, vagabunda,
Sem tino, nem acerto,
Porque passo os dias neste assento,
Falando ao vento
De como é diferente o meu viver.
A minha casa é a rua!
Não tenho mesas, cadeiras, nem cama,
Apenas este empedrado
Onde me sento e me deito
E este cartão velho e gasto,
Onde permaneço horas infinitas
A ver as pessoas passar.
Reparo nos seus olhos tristes
Cabisbaixas, olhos no chão…
Caminham enclausuradas e amarradas à solidão.
Olham para mim com pena ou desviam-se,
Evitando-me,
Como se eu encerrasse a decadência toda do mundo.
Mas, já estou habituada a isso…
A minha vida é na rua,
Sou pobre, mas sou livre!
Tenho os pés molhados,
O corpo enregelado,
Mas isso que importa,
Se afinal a minha casa é a rua,
E aqui nada me falta!
30/10/2005
Por esses motivos é importante que reflictamos, não só hoje mas sempre, sobre a condição precária dos que vivem em situação limite e o que podemos fazer por eles, por vezes basta um simples contributo, através de campanhas de solidariedade, ou de outras formas mais ou menos directas.
Para chamar a atenção sobre este dia estão previstas várias acções um pouco por todo o lado, no âmbito da iniciativa «Lrvanta-te» contra a pobreza, uma iniciativa da Campanha Pobreza Zero que decorre do desde as 21 horas do dia 16 de Outubro às 21 horas do dia 17, não só no nosso país, mas em todo o mundo. Espera-se que 27 000 portugueses aderiam a esta iniciativa. As actividades podem ser realizadas por quem entenda, onde quiser, basta apenas registar esse momento de manifesto na Internet para documentar o acontecimento.
No site www.pobrezazero.org/levantate há muitas mais informações sobre esta iniciativa, que visa um mundo melhor e mais justo.
O meu contributo singelo neste dia bastante simbólico é um poema que fiz em 2005 sobre os sem-abrigo. Nessa altura estava desempregada, possuía uma noção de tempo diferente, o que nos faz, às vezes, olhar para os outros com mais atenção e a reflectirmos um pouco mais na vida. No dia em que me inspirei para fazer este poema, estava frio e chovia intensamente, e ali naquela rua, completamente ensopada, havia uma mulher negra, mendiga, algo demente, que resistia, levando-me a querer que possivelmente nem saberia bem onde estava. Naquele momento, senti-me impotente e cobarde por achar que sozinha nada podia fazer para melhorar a vida daquela mulher, ao mesmo tempo, que me fez ver a minha vida de uma outra forma, como se o «copo afinal não estivesse vazio», mas apenas «meio cheio». Na verdade, há tantas pessoas a viver em condições tão deploráveis, que os nossos problemas perto dos delas quase nos parecem mesquinhos.
Mas, não podemos olhar para estas pessoas apenas com comiseração e pena, os governos e órgãos competentes têm responsabilidades nesta matéria, têm de criar condições para o desenvolvimento dos seus povos e para o travamento da mendicidade. Se não houver políticas sociais fortes que promovam a inserção destas pessoas na vida social, de pouco servirão as acções isoladas e as nossas boas acções.
Este poema é para essa mulher que vivia nas ruas perto do Camões e fazia delas a sua casa.
A minha casa é a rua!
Não tem paredes, nem janelas
Nem portas para entrar.
O meu tecto é feito de estrelas,
Onde entra o sol e a lua
Que me despertam e embalam.
Chamam-me louca, vagabunda,
Sem tino, nem acerto,
Porque passo os dias neste assento,
Falando ao vento
De como é diferente o meu viver.
A minha casa é a rua!
Não tenho mesas, cadeiras, nem cama,
Apenas este empedrado
Onde me sento e me deito
E este cartão velho e gasto,
Onde permaneço horas infinitas
A ver as pessoas passar.
Reparo nos seus olhos tristes
Cabisbaixas, olhos no chão…
Caminham enclausuradas e amarradas à solidão.
Olham para mim com pena ou desviam-se,
Evitando-me,
Como se eu encerrasse a decadência toda do mundo.
Mas, já estou habituada a isso…
A minha vida é na rua,
Sou pobre, mas sou livre!
Tenho os pés molhados,
O corpo enregelado,
Mas isso que importa,
Se afinal a minha casa é a rua,
E aqui nada me falta!
30/10/2005
1 comentário:
OLÁ AMIGA,
APÓS TER LIDO O TEXTO... ACREDITA FIQUEI SEM PALAVRAS....
OBRIGADA PELA TUA AMIZADE :0)
VAMOS TODOS LUTAR CONTRA A POBREZA!!!!
BEIJOS
SANDRA
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